Comportamento

‘Foi um susto muito grande’, diz mulher que venceu a Covid-19 em Caxias do Sul

Dona Ivete voltou pra casa uma semana após receber o plasma convalescente

‘Foi um susto muito grande’, diz mulher que venceu a Covid-19 em Caxias do Sul

Dona Ivete, mulher de fibra e coragem. A moradora de Galópolis, em Caxias do Sul, uma semana após receber a transfusão de plasma convalescente no Hospital Virvi Ramos no tratamento contra a Covid-19, voltou para casa no último sábado (18). Foram nove dias internada entre quarto e Unidade de Tratamento Intenso (UTI) até cruzar a linha da vitória diante de um inimigo invisível.

Ivete Zinani Marchi, de 68 anos, foi a 13ª paciente do Virvi Ramos a ser submetida à transfusão do plasma convalescente. Ela passou pelo procedimento no dia 11 de julho, dois dias após ser internada. Dos 16 pacientes a receber transfusão de plasma até agora, assim como os outros dois que já receberam alta hospitalar até o momento, Ivete não precisou do auxílio de ventilação mecânica para respirar durante a internação.

Dona Ivete concedeu entrevista ao Portal Leouve nesta segunda-feira (20). Contente, sorridente, e aliviada, a mulher de Fé conta como passou o período no hospital, o medo e a atenção recebida durante a internação.

Ouça

Reportagem: Dona Ivete, como a senhora está hoje?
“Estou bem feliz. Estou bem. Graças a Deus”.

Como foi o teu tratamento no hospital?
“Eu chego a me emocionar. O atendimento que eu tive no hospital foi muito bom, mesmo. Aqueles funcionários, enfermeiros, sempre alegres, dispostos, é um dom de Deus aquilo. Eu não tenho palavras para agradecer”.

Qual foi o primeiro sentimento quando soube da doença?
“Eu estava bem. Eu tinha dor nas pernas, cansada, mas estava bem. Eu fui para o hospital porque fiquei com um pouco de tosse, a gente não sabe, porque essa doença é silenciosa”.

Faz ideia de como pode ter contraído o vírus?
“Não. Aqui na minha casa todo mundo pegou. Cinco pessoas. Todo mundo bem. Só eu no hospital. Mas, só fui pra dar uma volta (sorri), Fui para a UTI, mas lúcida, bem, sem problema algum, conversei e brinquei com as enfermeiras todos os quatro dias. Agora estou em casa, recuperada e muito contente”.

O que passou pela cabeça da senhora quando teve a confirmação do exame?
“Quando eu fui para o hospital, fizeram raio-x e disseram que tinha uma mancha no pulmão, me colocaram soro e fiquei esperando, só que estavam preparando a baixa no hospital. Mas como se eu nunca fiquei ruim? Nunca tive febre ou falta de ar. Só que a noite me deu febre, de quase 40º, me medicaram, mas de manhã fiquei bem e de tarde me disseram que tinha que ir para a UTI. Imagina como se sente. Pois tu não sabes nada, vai lá para dentro e fica”.

O medo bate na porta?
“Não. Ele passa da porta, Foi um susto muito grande”.

A importância da doação do plasma convalescente
“Eu só tenho a dizer que quem puder doar, que doe. Eu seria a primeira a ir doar. Eu fiz uma promessa que quando saísse da UTI, eu doaria. Agora é só homem, mas não me interessa. Quando eu puder doar, eu vou doar”.

Dona Ivete, você se considera uma pessoa de sorte?
“Eu sim. E de muita fé. Eu tenho muita fé. Eu senti a presença de Deus comigo no hospital. Sempre estive bem. Mas assim, graças a Deus, pela idade que eu tenho, eu estou muito bem”.

O que a senhora pode dizer para quem duvida da doença?
“Gente, isso é traiçoeiro. Quando pega, pegou. Mas, deixa sequelas. Eu estava bem e fiquei bem, mas mesmo assim se fica diferente. Quando eu estava na UTI, tinham três pessoas de 30 e poucos anos mal e mal… Eu quando saí, sábado, eles ainda estavam lá”.

Leia mais

Paciente deixa UTI uma semana após receber transfusão de plasma convalescente em Caxias

Necessidade de doação
Até o momento, o Hemocs já recebeu mais de 70 candidatos, de cidades como Porto Alegre, São José do Herval, Caxias do Sul e Garibaldi. Alguns foram excluídos por não serem considerados aptos para o procedimento. Também foram avaliados residentes de Bento Gonçalves, Canela, Rio dos índios, Paraí, Carlos Barbosa, São Sebastião do Caí, Boa Vista do Sul, Vacaria, Farroupilha, Imbé, Passo Fundo, Lajeado, Nova Prata, Veranópolis, Bom Jesus, Bom Princípio e Pelotas.

A seleção dos doadores de plasma é feita pelo Hemocentro de Caxias do Sul (Hemocs) e passa por avaliação rigorosa. Neste momento, as pessoas que podem doar são homens, de no mínimo 18 e no máximo 60 anos, que foram infectados pelo coronavírus, tiveram Covid-19 confirmada por meio do teste PCR, estão há mais de 28 dias recuperados, sem sintomas da doença e não apresentam outras doenças infecciosas.

O Hemocs faz triagem e coleta dos interessados e as destina aos hospitais que tiverem protocolo de estudo para uso. Em Caxias do Sul, apenas o Virvi Ramos está habilitado até o momento.

As doações precisam ser agendadas pelos telefones (54) 3290-4543 e (54) 3290-4580 ou por meio do whatsapp (54) 984188487. O Hemocs atende de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h30min às 17h30min e aos sábados das 8h até 12h, na rua Ernesto Alves,2260, ao lado da UPA Central.

Local para doação