Filipinas e China trocaram acusações neste domingo (22) após duas colisões de embarcações no disputado Mar da China Meridional. Os incidentes aconteceram nas Ilhas Spratly, a 25 quilômetros do atol Second Thomas, no qual a Marinha filipina mantém uma posição e para onde a China envia navios para expressar as suas reivindicações sobre quase todo o mar da região.
“As manobras perigosas do navio 5203 da Guarda Costeira da China provocaram a colisão com um barco de reabastecimento contratado pelas Forças Armadas das Filipinas”, afirmou um grupo de trabalho do governo em Manila.
O canal estatal chinês CCTV, que citou como fonte o ministério das Relações Exteriores, afirmou que a “leve colisão” aconteceu depois que a embarcação de reabastecimento ignorou “várias advertências e passou de maneira deliberada pelas forças de segurança de forma não profissional e perigosa”.
Em outro incidente, um barco da Guarda Costeira das Filipinas que escoltava a missão de reabastecimento foi “atingido” pelo que o grupo de trabalho descreveu como um “navio da Milícia Marítima da China”. O governo chinês acusou o barco filipino de ter provocado “deliberadamente” uma colisão ao recuar de maneira “premeditada” na direção de um pesqueiro chinês.
Um vídeo divulgado pelas Forças Armadas das Filipinas mostra o momento em que a proa do navio da Guarda Costeira chinesa toca brevemente a popa do barco de reabastecimento. A embarcação filipina prossegue o percurso e não é possível observar nas imagens se o incidente provocou danos em seu casco.
Missões de reabastecimento
O atol Second Thomas fica a quase 200 quilômetros da ilha filipina de Palawan, oeste do arquipélago, e a mais de 1.000 quilômetros da ilha chinesa de Hainan. A Marinha das Filipinas encalhou de maneira deliberada o navio de guerra Sierra Madre, da época da Segunda Guerra Mundial, no banco de areia em 1999 para tentar impedir o avanço da China nestas águas.
As tropas filipinas mobilizadas nesta guarnição dependem de entregas regulares de mantimentos para a sua sobrevivência. A China reivindica a quase totalidade do Mar da China Meridional, apesar das reivindicações de outros países, como Filipinas, Vietnã e Malásia, sem considerar uma decisão internacional de 2016 contrária a Pequim.
O governo chinês afirmou que “a responsabilidade dos incidentes de domingo é apenas” de Manila. Filipinas, aliada de Estados Unidos, tem postos avançados em nove recifes e ilhas do arquipélago das Ilhas Spratly, onde fica o atol.
A embaixadora americana em Manila, MaryKay Carlson, declarou que seu país condena “a mais recente perturbação por parte da China de uma missão reabastecimento filipina legal, que colocou em perigo a vida de membros das Forças Armadas filipinas”.
As tensões entre Filipinas e China aumentaram em agosto, quando navios da Guarda Costeira chinesa utilizaram jatos de saram canhões de água contra uma missão filipina de reabastecimento recife, o que impediu um navio de entregar sua carga.
Fonte: Correio do Povo