Agro Rural

Fetag ameaça fechar fronteira para protestar contra importação de leite do Mercosul

Entrada de lácteos está asfixiando produtores brasileiros, que articulam protesto caso governo não tome medidas como taxação.

Fetag ameaça fechar fronteira para protestar contra importação de leite do Mercosul

A Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag-RS) disse que, ante a crise do setor lácteo gerada pela alta da importações do Uruguai e Argentina, poderá tomar medidas como o bloqueio de fronteiras em protesto e pressão sobre o governo federal. “A cadeia produtiva do leite está correndo risco de ser extinta no país”, disse o vice-presidente da Fetag-RS, Eugênio Zanetti, que participou de forma online de reunião da Comissão da Agricultura, Pecuária e Cooperativismo da Assembleia Legislativa, nesta quinta-feira, para discutir os entraves na liberação de recursos do Fundo de Desenvolvimento da Cadeia Produtiva do Leite (Fundoleite).

Conforme Zanetti, o fechamento das fronteiras foi tratado em reunião de diretoria e coordenadores da Fetag na semana passada. “Não temos data definida ainda, mas certamente irá acontecer se não houver medidas urgentes que pelo menos dificultem a entrada de leite no Brasil”, afirmou.

Os produtores gaúchos de leite têm sido acossados por importações do Mercosul. De janeiro a maio, houve incremento de 247,9% em volume e 292,8% em valores, conforme dados da plataforma Comex Stat, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). “O produtor brasileiro vem desistindo da atividade de forma desenfreada, e o cenário que se vislumbra num futuro bem próximo é desesperador para o setor como um todo”, disse Zanetti.

O vice-presidente da Fetag reconheceu esforços e limitações do governo do Estado, mas criticou a paralisia do Fundoleite e as dificuldades para acessar os recursos neste momento de dificuldades. “Estamos há pelo menos três sem liberação destes recursos. Não pode a cadeia toda pedindo socorro, prestes a ser engolida pelos países vizinhos, com altos incentivos para o setor, e nós com R$ 30 milhões parados, quando poderia servir para assistência técnica e projetos”, criticou.

Por pressão do setor lácteo, o governo gaúcho reforçou na semana passada, em audiência no Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura, em Brasília, a solicitação para que seja aplicada a Tarifa Externa Comum (TEC) de 12% a produtos lácteos procedentes do Mercosul. O pedido havia sido feito pela Frente Parlamentar da Agricultura da Assembleia Legislativa, na tentativa de conter as importações.