Entre os crimes contra a vida, maio voltou a evidenciar a dificuldade no combate aos feminicídios. O número de mulheres assassinadas em razão do gênero no Rio Grande do Sul, que havia apresentado queda em abril, subiu de sete, no quinto mês do ano passado, para 10, neste ano (+42,9%). Com a nova alta, a soma de 45 vítimas no acumulado desde o início de 2022 segue acima do registrado em igual período do ano passado, com 41 feminicídios (+5,9%).
O perfil dos envolvidos reforça, mais uma vez, a urgência do engajamento social para levar aos círculos de convivência familiar, de trabalho, de amizade e vizinhança a consciência sobre a importância das denúncias de qualquer suspeita de abuso. Somente duas das 10 vítimas contavam com medida protetiva de urgência (MPU) vigente. Todos os feminicídios de maio foram cometidos pelo companheiro ou ex-companheiro das mulheres assassinadas. Em 80% dos casos, os agressores possuem algum antecedente policial – quatro foram presos e três cometeram suicídio.
Com o ciclo da violência se desenvolvendo, na maioria das vezes, sob a privacidade do seio familiar, a comunicação às autoridades pelas próprias vítimas, por parentes, amigos ou qualquer um que desconfie da situação, pode ser o fator definidor para salvar uma vida.
A SSP mantém o Disque-Denúncia 181 e o Denúncia Digital 181 no site da pasta e a Polícia Civil disponibiliza o WhatsApp (51) 9.8444.0606 para o recebimento de informações. Casos de urgência, em que haja necessidade de intervenção contra perigo imediato, o número é o 190 da Brigada Militar. Em qualquer desses canais, a denúncia é 100% anônima.
Nos demais indicadores de violência contra a mulher acompanhados pela SSP, os destaques em maio são a redução de 309 casos de ameaça frente a igual mês do ano passado e o aumento significativo das tentativas de feminicídio que, na mesma comparação, passaram de nove para 24 casos. Contudo, o paralelo de acumulados entre janeiro e maio deste ano e do anterior mostra queda de 5,6% nesse indicador e o mesmo percentual de retração nas ameaças, além de queda de 10,3% nos estupros – as lesões corporais somam ligeira alta, de 1,3%.
Além da criação de 51 Salas das Margaridas da Polícia Civil, da ampliação das Patrulhas Maria da Penha da Brigada Militar, de 46 municípios em 2019 para 114 atualmente, e do trabalho do Comitê Interinstitucional de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher (EmFrente, Mulher), o Estado segue implementando iniciativas que possam contribuir na luta contra esses crimes. Em maio, o Badesul passou a operar uma linha de crédito para incentivar o empreendedorismo das mulheres, que em muitos casos necessitam apenas de uma oportunidade para alcançar a independência financeira e romper com o ciclo da violência.
Fonte: Governo RS