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Farroupilhense detalha tensão após ser sequestrado em Santa Catarina

Caminhoneiro Gilberto Remoaldo foi mantido em cárcere privado na cidade de Barra Velha-SC

Farroupilhense detalha tensão após ser sequestrado em Santa Catarina
Foto: Cristiano Lemos/Grupo RSCOM

O farroupilhense Gilberto Remoaldo, de 38 anos, viveu momentos aterrorizantes no último final de semana. Ele foi sequestrado e mantido em cárcere privado entre sábado (5) e domingo (6) na cidade de Barra Velha, no Estado de Santa Catarina (SC). Passados quatros dias, o caminhoneiro detalhou como tudo aconteceu em entrevista exclusiva ao Portal Leouve.

Remoaldo relatou que transportava uma carga de abacaxis de Natal, no Rio Grande do Norte (RN), até a cidade de Itajaí-SC, onde teria descarregado a mercadoria. Após, ele acessou o aplicativo “Fretebras” (exclusivo para fretes) na tentativa de conseguir algum trabalho com destino à Serra Gaúcha. Por meio do app, passou a conversar com um homem que disse querer negociar uma carga de Barra Velha-SC, com destino a Bento Gonçalves-RS.

Após as negociações, o motorista aceitou os valores e realizou o frete. Contudo, ao chegar ao destino, Remoaldo foi abordado por dois homens armados. O farroupilhense foi forçado a entrar em um carro e foi levado até um cativeiro. Gilberto relata que, no local, já havia um casal que também era mantido em cárcere privado desde o dia 3 de novembro.

“Me deixaram no quarto amarrado e me explicaram como tudo iria proceder, como eu devia agir e falar”, comenta.

Remoaldo ainda foi chantageado e obrigado a transferir dinheiro via Pix aos criminosos.

“Me forçaram, mediante tortura psicológica, falando que iam fazer mal para minha família, sendo que eles tinham noção do meu endereço, pois eu havia enviado a eles para poder pegar o frete e não vi outra escolha senão abrir o aplicativo do banco”, explica o caminhoneiro.

Conforme o transportador de cargas, em dado momento, os criminosos se irritaram, pois nos finais de semana há limites de valores de transferência pela modalidade. Por conta disso, segundo a vítima, ele foi forçado a enviar um áudio para sua esposa, mentindo que havia um bloqueio na pista e que só poderia retornar para casa do dia seguinte.

O motivo da mentira, aparentemente, seria para segurar Remoaldo mais tempo no local. Para o farroupilhense, só assim seria possível realizar mais transferências financeiras. Ainda de acordo com o caminhoneiro, os sequestradores ficaram mais irritados quando, insistentemente, tentaram pagar um boleto de valor elevado, ocasionando no bloqueio da conta bancária da vítima.

“Eles me ameaçaram com armas. Começaram a mostrar vídeos dos meus filhos, falando que iriam até a  cidade onde estão [Farroupilha] e iriam executar minha família” conta.

Segundo Gilberto, por conta das movimentações bancárias, a família já desconfiava que algo havia acontecido. Por volta das 22h do domingo (6), Remoaldo e as demais vítimas foram levadas até uma casa abandonada e permaneceram lá, presas com cintas plásticas, até conseguirem se libertar, pedir socorro e, posteriormente, acionar a polícia.

Após o ocorrido Gilberto e a família excluíram as redes sociais, tendo em vista que os criminosos ainda mantêm contato, pedindo resgate pelo caminhão (placa EQU-5C61). O caso está sendo investigado pela Polícia Civil.

Momentos de tensão

“Em todo momento ficamos em um quartinho. Não podíamos olhar um para o outro, tínhamos que ficar deitados olhando para a parede. Não podíamos conversar nem falar nada. Sempre tinha uma pessoa armada ameaçando”, detalhou o caminhoneiro.

Gratidão pela vida

“Agradeço que estou vivo. Em todo momento pensávamos que não íamos escapar de lá, pois os bandidos não se preocupavam em cobrir o rosto, então achávamos que não iriam deixar testemunhas. Eu pedia a Deus para salvar a gente, agradeço primeiramente a ele, pois orávamos, pedindo proteção para que voltássemos para a família.. agora é cabeça pra frente”, projetou Remoaldo.

Pretende continuar na profissão?

“Estou há 12 anos na estrada como caminhoneiro, por opção minha, e agora, com certeza, essa profissão não quero mais para mim não”, finalizou.