As perdas com a estiagem no Rio Grande do Sul na temporada 2022/2023 estão calculadas em valores próximos a R$ 100 bilhões, estimou nessa sexta-feira o presidente da Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs), Paulinho Salerno. Segundo ele, os valores se referem aos prejuízos em cerca de 350 municípios direta ou indiretamente afetados pela seca no território gaúcho. Estimativa anterior da Famurs, em janeiro, era de R$ 56 bilhões.
“Acreditamos que o número anterior já esteja superado. Agora, com as chuvas que estão acontecendo, o solo em certo aspecto está se recuperando, mas ainda não é o suficiente. No entanto, algumas perdas que estavam se consolidando podem ser recuperadas neste período”, afirmou ele.
De acordo com Salerno, algumas cidades estão enfrentando problemas de aquisição de crédito, o que é um grande desafio, porque, em suas palavras, quem colheu pouco agora terá dificuldades para se restabelecer para a próxima safra.
“Estes produtores terão de renegociar linhas que possam financiar a lavoura seguinte”, comentou o presidente da Famurs.
Pelo mesmo motivo, a entidade também tem conversado com entidades representativas do setor agrário, como a Federação das Cooperativas Agropecuárias do RS (FecoAgro/RS).
“As cooperativas precisam ter ações no sentido de disporem de crédito, para elas terem estas condições de renegociação”.
A entidade atua como intermediária entre os municípios e o governo estadual, pedindo soluções, segundo o presidente.
“Estivemos nos últimos dias reunidos com o secretário estadual de Agricultura, Giovani Feltes, para cobrar a entrega definitiva dos equipamentos apresentados há 30 dias no Parque Assis Brasil, em Esteio, e que até agora não chegaram nos municípios”. Conforme Salerno, Feltes afirmou no encontro que o encaminhamento ainda não teria sido concretizado por “razões burocráticas do Estado”.
Objetivos
Por ora, a esperança da Famurs é de que sejam brevemente concretizadas outras pautas já anunciadas pelo governo do Estado, como auxílio aos municípios na entrega de água via caminhões-pipa, enquanto outros já estão ocorrendo, a exemplo da anistia de valores do programa Troca-Troca de Sementes aos produtores de municípios afetados pela seca.
“No momento em que o governo anuncia, sabemos que realmente acontece”, observou o presidente.
Salerno diz ainda esperar que o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, que estará presente na abertura da Expodireto Cotrijal, que inicia nesta segunda-feira, em Não-Me-Toque, “mostre realmente ao que veio e anuncie algo no sentido de recuperação de crédito ou de condições de crédito para a próxima etapa”. Questionado se Fávaro poderá realmente anunciar algum tipo de ação durante o evento, o presidente da Famurs afirma que “este é um desejo da entidade”.
*Com informações de Correio do Povo