A morte de um bebê de dois meses na manhã da última sexta-feira (5), em Caxias do Sul, com causa ainda desconhecida, provoca revolta nos familiares. A mãe, Iara Sabrina dos Santos, 29 anos, pretende registrar boletim de ocorrência e buscar a retirada de licença de atuação do médico da unidade de pronto atendimento (UPA) Central que realizou o atendimento de seu filho, Leonardo dos Santos Moraes, na noite anterior.
Iara alega que houve negligência por parte do profissional. A mãe relatou à reportagem do Portal Leouve que ela e o marido levaram o menino até a UPA por volta das 21h da quinta (4) com sintomas como tosse, vômito e falta de ar.
Após aguardar em torno de uma hora e meia a família foi atendida pelo médico, que examinou a criança. O profissional teria dito, então, que se tratava de um resfriado, e encaminhado o bebê para fazer uma desobstrução nasal. Ainda conforme Iara, o médico indicou também um analgésico para caso o bebê apresentasse febre e, em seguida, encerrou o atendimento.
Na sequência, a família voltou para casa, mas Iara, que tem outros dois filhos, estranhou a situação e verificou que os sintomas do bebê persistiam:
“No carro eu disse para o meu marido: ‘amanhã quero trazer ele de novo, porque ele não está bem’. Chegando em casa amamentei, ele chorou por causa da tosse, ficou irritado, com o nariz trancado, e na hora de tossir começou a vomitar de novo. Eu tinha comprado um negócio para aspirar o nariz dele, aspirei, deu uma aliviada e ele dormiu. Isso era uma e pouco, duas horas. No outro dia, meu marido me acordou apavorado: ‘o bebê não está se mexendo’, relata a mãe.
Imediatamente, o casal levou o bebê ao Hospital Pompéia, onde chegaram em torno de 6h da sexta-feira. De acordo com a mãe, Leonardo não respondia e estava desacordado no caminho à casa de saúde. Apesar das tentativas de reanimação por parte da equipe médica, o menino não resistiu. Iara foi informada, às 7h15min, da morte do filho após parada cardiorrespiratória.
“Meu bebê foi mal atendido por aquele médico (da UPA). Ele não deu as horas (atenção) quando tentamos explicar o que o nenê tinha. Ele só olhou pra gente com ar de deboche e disse que era um resfriadinho. Nada vai trazer meu filho de volta, eu só quero que ele não esteja lá medicando e receitando só paracetamol para qualquer criança”, desabafou.
Prefeitura anuncia comissão interna de investigação
Em notas, enviadas à reportagem do Portal Leouve na segunda (8), a Prefeitura de Caxias do Sul, por meio da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), se solidarizou com a família. Segundo a SMS, a circunstância do óbito deve ser analisada por uma “comissão interna de investigação para que sejam tomadas as medidas caso sejam identificadas quaisquer irregularidades nas condutas nos atendimentos pelos quais a criança tenha passado“. A administração alega que “não há, até o momento, evidências que liguem o atendimento realizado na UPA Central ao óbito da criança, cuja causa é desconhecida“.
O comunicado confirma que Leonardo dos Santos Moraes foi atendido na noite de quinta (4). Argumenta que o menino não tinha sintomas de “febre ou qualquer outro sinal que evidenciasse maior risco“. Além disso, a criança “apresentava boa oxigenação e bom funcionamento pulmonar, por esse motivo, foi atendida e liberada com orientações“.
Ainda conforme a prefeitura, a criança deu entrada no Hospital Pompéia por volta das 6h da sexta em parada cardiorrespiratória. O Samu não foi acionado pela família para atendimento. “Todos os procedimentos para reanimação foram realizados, mas a criança não respondeu“, salienta a nota.
Confira as notas na íntegra
“A Prefeitura de Caxias do Sul, por meio da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), se solidariza com a família pela perda irreparável de Leonardo dos Santos Moraes, falecido em 5 de abril. A criança foi atendida na UPA Central na noite do dia 4 de abril, sem febre ou qualquer outro sinal que evidenciasse maior risco. Apresentava boa oxigenação e bom funcionamento pulmonar. Por esse motivo, foi atendida e liberada com orientações. A criança deu entrada no Hospital Pompéia no dia 5 de abril, por volta de 6h, em parada cardiorrespiratória. Todos os procedimentos para reanimação foram realizados, mas a criança não respondeu. O transporte até o Pompéia não envolveu o SAMU, que não foi acionado pela família. Não há, até o momento, evidências que liguem o atendimento realizado na UPA Central ao óbito da criança, cuja causa é desconhecida” – Assessoria de Comunicação da Prefeitura
“A Prefeitura de Caxias do Sul se solidariza com a família pela perda irreparável. A circunstância do óbito deve ser analisada pela comissão interna de investigação, para que sejam tomadas as medidas caso sejam identificadas quaisquer irregularidades nas condutas nos atendimentos pelos quais a criança tenha passado” – Assessoria de Comunicação da Secretaria Municipal da Saúde