Custo de Vida

“Falta de comida na mesa também é problema de saúde”, diz presidente do Sindilojas-BG

Foto: Cristiano Lemos/GRUPO RSCOM
Foto: Cristiano Lemos/GRUPO RSCOM

A perspectiva de, possivelmente, só reabrir as portas no dia 22 de março com a tendência de retorno da Cogestão ao Rio Grande do Sul, preocupa setores especialmente do comércio e de serviços, que sofrem com limitações e portas fechadas no momento mais crítico da pandemia da Covid-19 no solo gaúcho. Ao mesmo tempo que sofremos com o colapso do sistema hospitalar, chefes de família também estão sofrendo com a falta de arrecadação por conta das restrições impostas pelo governo do Rio Grande do Sul. É uma conta difícil de somar ou diminuir.

De acordo com o presidente do Sindilojas Regional Bento Gonçalves, Daniel Amadio, a preocupação é grande. Para ele e entidades que representam o comércio, a culpa dos números de hospitalizações e o agravamento da crise sanitária não são culpa das lojas ou comércio, mas sim de aglomerações irresponsáveis de pessoas que não tomam consciência.

“A situação é preocupante. Se limitou muito a quantidade mercadoria à disposição para venda. Por meio do Fecomércio-RS, Sindilojas, trabalhamos para que o Gabinete de Crise entenda que possa dar condições do comércio trabalhar, com todos cuidados, restrições, protocolos. Que veja que não é o pequeno comércio com poucos trabalhadores que vai gerar pandemia, O problema são as aglomerações, por iniciativa da própria população que não toma consciência, gerando a situação da estrutura hospitalar comprometida”, salienta.

(Amadio, à direita, com o presidente da Fecomércio-RS, Luiz Carlos Bohn – Foto/Divulgação)

A luta
“Nossa luta, nossa busca, é ter esse reconhecimento, Essa flexibilização. Por exemplo, porque não fazer o pague e leve? Até o pagamento dos carnês, muitas lojas ainda trabalham com o crediário direto. Essa foi uma semana de recebimento de salários e as pessoas encontraram as portas fechadas. Trabalhamos para que haja essa liberação, o drive-thru também. Defendemos que o aberto, com todas restrições, possa ser adotado como outros setores, gerando um pouco de arrecadação”.

Sem auxílio
“Ano passado tivemos todos os auxílios, contrato de trabalho, suspensão, auxílio emergencial, redução de jornada, salários, Pronamp, e esse ano, a pandemia veio mais forte que ano passado, e ao mesmo tempo sem todos esses auxílios do governo federal, que deve ter esgotado sua condição de proporcionar isso, e o comércio está pedindo socorro. Quem não tem reserva financeira, como ouvi de colegas que tiveram que vender bens pessoais, vai acabar desempregando e fechando sua loja”.

Irredutível
“O Governo Estadual está irredutível. Não podemos cometer a injustiça de colocar a culpa no governo municipal, eles não podem desobedecer a lei estadual, e não vejo uma flexibilização ali à frente. Então continuamos a bater à porta do governo essa semana, tentando buscar o reconhecimento de que possa haver essa liberdade. Os comerciantes entendem que não vão gerar contaminação, vão ter todos os cuidados. Já mostramos por A mais B que não somos os responsáveis. São pessoas conscientes que essa contaminação pode chegar aos seus, por isso têm essa responsabilidade. Continuaremos tentando mostrar ao governo do estado e que a Fecomércio desenvolva um estudo técnico que comprove, que rebata essa determinação do Gabinete de Crise. Se conseguirmos chegar com o estudo técnico, até de maneira judicial, comprovar que não é o comércio responsável, quem sabe tenhamos uma atenção um pouco melhor por parte do governador”.

Problema de saúde
“Não estamos pedindo liberdade total, a gente entende o problema da saúde, estamos conscientes do que está acontecendo. Mas, defendemos que a falta de comida na mesa também é problema de saúde. E se, desempregar, não tiver arrecadação e fazer sobrar algum recurso pra vida pessoal, teremos mais um problema de saúde”.

Nesta semana, uma nova tentativa de entidades do comércio e serviços, pedindo pela reabertura, deve chegar ao Gabinete de Crise do Governo Estadual.

A decisão do governo, também, provoca uma série de protestos, como uma carreata em Porto Alegre nesta quarta-feira (10). Há, também, protestos silenciosos, como é o caso de um lojista em Farroupilha, que chama Eduardo Leite de “imbecil” pelas medidas adotadas.

Foto: Cristiano Lemos/GRUPO RSCOM