O ex-ministro do Meio Ambiente do governo Jair Bolsonaro, Joaquim Leite, foi o palestrante da tradicional RA da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul (CIC Caxias) nesta segunda-feira (5). Sob o contexto da Semana Municipal do Meio Ambiente, a conversa com o empresariado proposta por Leite foi sobre as possibilidades e benefícios de exploração do mercado de carbono e a nova economia verde global no Brasil.
Ele deu início a palestra situando o Brasil, segundo seu próprio olhar, no cenário mundial do meio ambiente. Na ótica do ex-ministro, o país sustenta números positivos nos indicadores de impactos ambientais, fator que o coloca em condição privilegiada de protagonismo, em comparação a outras nações.
Adentrando ao assunto principal, Leite explicou que as etapas para implementação do mercado de carbono foram iniciadas em 2009, com a promulgação da Política Nacional de Mudanças Climáticas e ganharam novos avanços com a instituição do Programa Nacional de Redução de Emissões de Gases de Efeito Estufa, no ano passado. Detalhou que as emissões de gases de efeito estufa são quantificadas em toneladas de dióxido de carbono equivalente (CO2e).
Um dos pontos destacados pelo ex-ministro foi o crédito de carbono. Segundo Leite, a ferramenta funciona como uma “moeda de troca”, em que empresas e países podem obter adotando práticas de consumo e de redução de emissões, como o uso de energias renovaveis e reflorestamento. Os créditos podem ser negociados em bolsas de valores especializadas, onde são obtidos preços para as toneladas de CO2e. “Você esta compensando uma tonelada de carbono viabilizando um projeto econômico”, sintetizou.
Neste sentido, ele observa que o Brasil possui grande potencial no mercado de carbono devido a sua extensa área territorial e biodiversidade. A produção de energia hidrelétrica e uso crescente de fontes como a solar e a eólica também foram apontadas por Leite, que acredita que estes benefícios dão a oportunidade do país liderar a transição para uma economia sustentável e de referência na criação das negociações em toneladas de dióxido de carbono.
O intuito é gerar benefícios econômicos que auxiliem a viabilidade financeira e a sustentabilidade de projetos, captura ou redução de emissões, acelerando assim uma nova economia verde e a primeira grande economia positiva do mundo. “O Brasil será o grande beneficiário deste mercado. Devemos ser o maior exportador”, concluiu. Por outro lado, o ex-ministro levantou alguns dos riscos, que vão desde o protecionismo climático, implicando no desajuste de rotas comerciais globais, à litigância climática global e nacional.
Ainda durante a reunião-almoço, foi aberto espaço para questionamentos do público que prestigiou a palestra. Ao responder dúvidas, o ex-ministro do Meio Ambiente Joaquim Leite defendeu que, por meio da educação ambiental nas escolas é possível transformar a realidade de poluições e descartes incorretos de resíduos. Também argumentou a favor de políticas que incentivem a renovação da frota veicular brasileira, a fim de reduzir a idade média de caminhões, ônibus e carros, e avançar na diminuição da emissão de gases tóxicos.
Justificando período de “quarentena”, em razão de ter ocupado cargo do primeiro escalão do governo federal, Joaquim Leite não concedeu entrevista coletiva à imprensa.
Além do empresariado, marcaram presença o secretário do Meio Ambiente, João Uez, o presidente da Câmara de Vereadores, Zé Dambrós, o comandante do 12° Batalhão da Polícia Militar (BPM), tenente Ricardo Moreira Vargas e o presidente do Conselho Deliberativo da CIC, José Valtuir de Almeida.