Brasil

Ex-ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu volta ao Congresso 19 anos após ser cassado

Ele teve seu mandato cassado em 2005, no bojo do escândalo do mensalão e está impedido de disputar as eleições até esse ano, mas há especulações sobre ele voltar às urnas em 2026.

Foto: Geraldo Magela/ Agência Senado
Foto: Geraldo Magela/ Agência Senado

Ex-ministro da Casa Civil no primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva e ex-deputado federal, José Dirceu participou de solenidade no Congresso Nacional nessa terça-feira (2) sobre democracia.

Essa é a primeira vez em 19 anos que ele volta a um evento no Legislativo após ter seu mandato cassado em 2005, no bojo do escândalo do mensalão. Durante seu discurso, ele defendeu uma “revolução social”, desconcentrando renda, riqueza e propriedade.

Quase não aceitei [o convite], porque desde o dia da madrugada de 1º de dezembro [de 2005], quando a Câmara dos Deputados cassou meu mandato, que o povo de São Paulo tinha me dado pela terceira vez, eu nunca mais voltei ao Congresso Nacional. Mas acredito que João Goulart merecia e merece a minha presença hoje aqui”, disse Zé Dirceu.

Dirceu foi convidado pelo senador Randolfe Rodrigues (Sem partido-AP) para participar de uma sessão solene no Senado, pela democracia. Além do ex-ministro de Lula, outras personalidades também discursam no evento, como a viúva do ex-presidente João Goulart, Maria Thereza Goulart e o presidente-executivo do Instituto João Goulart, João Vicente Goulart.

A democracia está em risco porque não se fizeram as reformas estruturais, porque não há uma democracia social. Quando uma democracia social deixa de existir, a democracia institucional, política, corre risco. Para consolidar a democracia brasileira, nosso papel é fazer uma revolução social no Brasil, desconcentrar a renda, riqueza e propriedade”, disse Dirceu durante seu discurso.

Homem-forte do primeiro mandato de Lula, quando chefiou a Casa Civil, Dirceu tem se movimentado pelos bastidores do poder de Brasília desde o retorno do PT ao comando da República.

No mês passado, quando completou 78 anos, fez uma festa que reuniu do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), ao vice-presidente da República e ministro de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, e boa parte do primeiro escalão do atual governo de Lula.

Sua articulação, contudo, não se limita a aliados do governo. Ele ainda mantém diálogo frequente, por exemplo, com Valdemar Costa Neto, presidente do PL, principal partido de oposição a Lula. Hoje em lados opostos, Dirceu e Valdemar dividiram cela no complexo da Papuda, em Brasília, após serem condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em 2012, no esquema de compra de apoio parlamentar.

Dirceu ficou 1 ano e 9 meses preso em Curitiba (PR), como consequência das investigações da Operação Lava-Jato. Ele está impedido de disputar as eleições até esse ano, mas há especulações sobre ele voltar às urnas em 2026.

Fonte: O Sul