Ex-ministro da Casa Civil no primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva e ex-deputado federal, José Dirceu participou de solenidade no Congresso Nacional nessa terça-feira (2) sobre democracia.
Essa é a primeira vez em 19 anos que ele volta a um evento no Legislativo após ter seu mandato cassado em 2005, no bojo do escândalo do mensalão. Durante seu discurso, ele defendeu uma “revolução social”, desconcentrando renda, riqueza e propriedade.
“Quase não aceitei [o convite], porque desde o dia da madrugada de 1º de dezembro [de 2005], quando a Câmara dos Deputados cassou meu mandato, que o povo de São Paulo tinha me dado pela terceira vez, eu nunca mais voltei ao Congresso Nacional. Mas acredito que João Goulart merecia e merece a minha presença hoje aqui”, disse Zé Dirceu.
Dirceu foi convidado pelo senador Randolfe Rodrigues (Sem partido-AP) para participar de uma sessão solene no Senado, pela democracia. Além do ex-ministro de Lula, outras personalidades também discursam no evento, como a viúva do ex-presidente João Goulart, Maria Thereza Goulart e o presidente-executivo do Instituto João Goulart, João Vicente Goulart.
“A democracia está em risco porque não se fizeram as reformas estruturais, porque não há uma democracia social. Quando uma democracia social deixa de existir, a democracia institucional, política, corre risco. Para consolidar a democracia brasileira, nosso papel é fazer uma revolução social no Brasil, desconcentrar a renda, riqueza e propriedade”, disse Dirceu durante seu discurso.
Homem-forte do primeiro mandato de Lula, quando chefiou a Casa Civil, Dirceu tem se movimentado pelos bastidores do poder de Brasília desde o retorno do PT ao comando da República.
No mês passado, quando completou 78 anos, fez uma festa que reuniu do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), ao vice-presidente da República e ministro de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, e boa parte do primeiro escalão do atual governo de Lula.
Sua articulação, contudo, não se limita a aliados do governo. Ele ainda mantém diálogo frequente, por exemplo, com Valdemar Costa Neto, presidente do PL, principal partido de oposição a Lula. Hoje em lados opostos, Dirceu e Valdemar dividiram cela no complexo da Papuda, em Brasília, após serem condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em 2012, no esquema de compra de apoio parlamentar.
Dirceu ficou 1 ano e 9 meses preso em Curitiba (PR), como consequência das investigações da Operação Lava-Jato. Ele está impedido de disputar as eleições até esse ano, mas há especulações sobre ele voltar às urnas em 2026.
Fonte: O Sul