Trânsito

Estradas antigas, alto fluxo e falta de manutenção: engenheiro comenta situação das vias da Serra Gaúcha

Foto: Cristiano Lemos/Grupo RSCOM
Foto: Cristiano Lemos/Grupo RSCOM

Diante da falta de uma posição clara do Departamento Autônomo de Estradas e Rodagem, o Daer, sobre os recorrentes buracos que se abrem, principalmente na ERS-122, entre Caxias do Sul e Farroupilha, o Grupo RSCOM convidou o engenheiro civil Alex Gobbato para esclarecer algumas dúvidas. Afinal, porquê as crateras retornam tão rapidamente ao trecho mesmo com os recentes reparos?

A indignação se torna ainda maior quando lembramos que as obras de recapeamento da rodovia começaram em fevereiro deste ano, e já houve a necessidade de, pelo menos, três intervenções tapa-buracos em um trecho pouco superior a cinco quilômetros.

Gobbato explicou que os problemas são um conjunto de fatores que resultam na abertura dos buracos. Problemas estes que ocorrem antes, como por exemplo, trincas, fissuras, entre outras manifestações na camada do revestimento asfáltico, problemas de infiltração de água embaixo dessa camada e de drenagem o que em épocas de chuva potencializa a abertura dos buracos.

Porém, ele ressalta que este é apenas um dos fatores. É preciso levar em conta a manutenção e o alto fluxo de veículos pela via.

“Há diversos outros, como a falta de manutenção corretiva, a preventiva, que seria ainda mais importante, o alto fluxo de transporte de carga. O pavimento asfáltico é um material elástico, que se deforma e depois volta ao seu normal após a aplicação de carga, porem, após muitos ciclos ele se plastifica e depois disso ele não tem mais a capacidade de voltar ao seu estágio inicial e isso acaba gerando a sua deformidade, abrindo trincas, fissuras, entre outras patologias que sem suas devidas correções podem chegar ao nível crítico do buraco ou “panela”. Através dessas trincas, fissuras e outras manifestações patológicas, que com a incidência de chuvas, acaba potencializando ainda mais esses problemas na camada asfáltica” disse.

Ele também comentou sobre o material utilizado, ele diz que existem normativas do DNIT para o uso do Concreto Betuminoso Usinado a Quente (CBUQ) e do Cimento Asfáltico de Petróleo (CAP) utilizado, entre outros procedimentos para a execução dos serviços de pavimentação asfáltico. Conforme ele, é necessário haver um controle tecnológico do material, com ensaios e padronização, e de execução de manutenções, conforme recomenda as normativas, afim de trazer uma maior qualidade e durabilidade.

O engenheiro diz que é difícil resolver definitivamente o problema. Para ele, a solução passa por um estudo da capacidade viária das estradas.

“Para melhorar, obviamente a gente precisa ter um base de dados relativas em um projeto da capacidade atual de carga. Muitas rodovias foram feitas há 30, 40 anos, com uma realidade de transporte de carga e trafego que mudou muito nos dias atuais. As nossas rodovias precisam ser projetadas para absorver essa realidade de carga e que ainda tende a crescer nos próximos anos”.

Além disso, ele reforça a necessidade de uma manutenção preventiva por parte de quem detêm a resposabilidade das rodovias, seja o poder público, ou a iniciativa privada, como deve ocorrer com os planos de concessão das rodovias estaduais.