O estilista francês Pierre Cardin, que fez nome vendendo roupas de alta qualidade para as massas e sua fortuna sendo o primeiro a explorar o próprio nome como uma marca para comercializar desde carros até perfumes, morreu nesta terça-feira aos 98 anos.
No decorrer de uma carreira de mais de 60 anos, Cardin causou repúdio e admiração de colegas estilistas devido ao seu tino empresarial implacável. Ele afirmava ter erguido seu império comercial sem nunca ter pedido empréstimos a um banco.
Cardin foi o primeiro designer a vender coleções de roupas em lojas de departamentos no final dos anos 1950 e o primeiro a entrar no ramo dos licenciamentos de perfumes, acessórios e até alimentos –hoje uma grande fonte de lucro para muitas grifes.
“É a mesma coisa para mim se estou fazendo mangas ou pernas de mesa”, disse certa vez uma citação reveladora de seu site.
Por difíceis que sejam de se imaginar décadas mais tarde, chocolates Armani, hotéis Bulgari e óculos de sol Gucci se baseiam todos na percepção de Cardin de que o glamour de uma marca de moda tem um potencial de comercialização infinito.
Ao longo dos anos, seu nome estampou lâminas de barbear, utensílios domésticos e acessórios vulgares, como cuecas boxers baratas.
Uma vez ele disse que não se incomodaria de ver suas iniciais PC em rolos de papel higiênico, e foi a inspiração de um frasco de perfume de aparência fálica.
Seus detratores o acusavam de destruir o valor de sua marca e a noção de luxo em geral, mas ele parecia essencialmente indiferente às criticas.
“Tive a intuição para comercializar meu nome”, disse Cardin ao jornal alemão Sueddeutsche Zeitung em 2007. “Será que o dinheiro estraga as ideias da pessoa? Não sonho nem um pouco com dinheiro, mas enquanto estou sonhando, estou ganhando dinheiro. Nunca se tratou de dinheiro”.
Cardin também se aventurou além da moda, comprando o lendário restaurante parisiense Maxim’s nos anos 1980 e inaugurando réplicas do estabelecimento em todo o mundo. Ele conquistou mais o investimento lançando o Minim’s, uma rede de fast-food chiques que reproduzem a decoração típica da Belle Époque do restaurante original e exclusivo de Paris.
Seu império inclui perfumes, alimentos, desenho industrial, imóveis, entretenimento e até flores frescas.
“Sempre tentei ser diferente, ser eu mesmo”, disse Cardin à Reuters. “Se as pessoas gostam disso ou não, não é o que importa.”