Caxias do Sul

“Estamos vivendo um pesadelo que dura cinco dias”, diz morador de Brumadinho

Foto: Alexandre Guzanshe/EM DA Press
Foto: Alexandre Guzanshe/EM DA Press


A tragédia em Brumadinho, Minas Gerais, completa cinco dias nesta terça-feira (29). Após um mar de lama ter destruído casas e vegetações do local depois do rompimento de uma Barragem da Vale, as autoridades confirmam 65 mortos, destes 31 foram identificados. Ainda há 279 desaparecidos, 192 resgatados, 386 localizados e 135 desabrigados. Hoje, os primeiros corpos começaram a ser enterrados e o Cemitério Parque das Rosas abriu 98 novas covas. Conforme moradores, o cheiro forte começa a incomodar.

O jornalista Talles Costa, que mora em Brumadinho, concedeu entrevista exclusiva à Rádio Viva e trouxe um relato dos últimos acontecimentos na cidade. Segundo Talles, muitos turistas estavam na cidade e podem estar entre as vítimas. O jornalista ainda diz que a Vale e o poder executivo de Brumadinho não estão dando o apoio devido aos familiares.

A chegada de 130 militares israelenses a cidade trouxe uma nova esperança aos moradores. Eles atuam junto aos 120 bombeiros de Minas Gerais, 169 de São Paulo, Rio de Janeiro, Alagoas, Espírito Santo e Goiás. Além, de 33 homens da Força Aérea Brasileira e 60 do Exército.

Costa conta ainda que na madrugada do último domingo (27) a Defesa Civil chegou a soar um alarme na cidade alertando os moradores para um possível novo rompimento, desta vez na barragem número 6.

“O rio corta a cidade e a lama está descendo, eu moro na parte alta do município e foi desesperador, ouvi a sirene e corri para a janela de onde tenho visão da parte baixa. Eram viaturas por toda a cidade, pessoas sendo retiradas rapidamente de casa. Estamos vivendo um pesadelo que já dura cinco dias. Não existe uma pessoa em Brumadinho que não tenha algum parente ou amigo desaparecido. Eu tenho um primo, que trabalhava na mecânica da mineração e está desaparecido, além de amigos.” disse.

A dificuldade das equipes em encontrar as vítimas é uma das preocupações dos moradores. A cada hora, as chances de alguém ser encontrado com vida diminui. Na cidade, o pensamento dos moradores é desanimador. Muitos já se conformam com a perda e a expectativa é de que ao menos os corpos sejam encontrados para que possam ter um funeral. O Instituto Médico Legal (IML) de Belo Horizonte montou uma base na cidade para facilitar a identificação dos cadáveres. Exames dentários, fotos e raio-x são itens que podem auxiliar na identificação.

Confira abaixo a entrevista completa.

Reportagem: Cristiano Lemos