Um rastro luminoso cortou o céu do Rio Grande do Sul no começo da madrugada desta sexta-feira, impressionando muita gente que estava acordada e que ao olhar para o céu conseguiu observar o faixo de luz se deslocando como se fosse um meteoro.
Diferente dos meteoritos ou meteoros que ardem na atmosfera e que cruzam o céu com maior velocidade, o rastro luminoso observado durante a madrugada desta sexta-feira de diversos municípios do estado gaúcho se deslocou mais lentamente no céu.
Câmeras especiais de monitoramento do céu usadas por integrantes da rede Brazilian Meteor Observation Network (Bramon) conseguiram registrar a passagem do rastro luminoso tanto no Vale do Paranhana como no Litoral Norte do Rio Grande do Sul. Foi o caso do Observatório Espacial Heller & Jung, da cidade de Taquara, que se notabilizou pelo registro de eventos celestiais no Rio Grande do Sul como chuva de meteoros e o ingresso de bólidos no Sul do Brasil.
Só que desta vez os registros não se limitaram às câmeras especiais dos observados de eventos astronômicos. Como o rastro luminoso ficou quase um minuto no céu do Rio Grande do Sul, muitas pessoas em várias cidades conseguiram fazer imagens com seus celulares.
O rastro no céu, aliás, foi um dos assuntos mais comentados na madrugada de hoje nas redes sociais. A MetSul Meteorologia recebeu diversos vídeos de seguidores indagando o que era aquela luz que cortou o céu de cidades do Leste gaúcho.
Então, a resposta para o faixo de luz no céu não é nenhuma rocha espacial. O que se viu no céu do Rio Grande do Sul foi a reentrada do estágio superior de um foguete russo Soyuz SL-4 RB lançado na última terça-feira do Cazaquistão, de acordo com o professor Carlos Fernando Jung, que é diretor da Brazilian Meteor Observation Network na Região Sul.
Em Bento Gonçalves:
O lançamento do foguete ocorreu no Cosmódromo de Baikonur, administrado pela Rússia, no Cazaquistão, às 22h08 da terça (hora de Brasília). Uma espaçonave robótica de carga Russian Progress foi lançada em direção à Estação Espacial Internacional a bordo do foguete, cujo estágio reingressou no Rio Grande do Sul. O foguete transportou ainda três toneladas de suprimentos para o laboratório em órbita.
O reingresso de lixo espacial na atmosfera não é incomum, afinal o ser humano não gera muito lixo apena em terra firme. Lixo espacial é qualquer peça de maquinário ou entulho deixado por humanos no espaço. Pode referir-se a grandes objetos, como satélites que falharam ou foram deixados em órbita no final da sua missão ou coisas menores, como pedaços de detritos ou manchas de tinta que caíram de um foguete.
Há lixo de fabricação humana até na Lua. Foguetes, por exemplo, podem liberar muitos pequenos detritos, como manchas de tinta, quando chegam ao espaço. Embora existam milhares de satélites ativos orbitando a Terra no momento, há também 3.000 satélites inoperantes espalhados pelo espaço. Além do mais, existem cerca de 34 mil pedaços de lixo espacial com mais de 10 centímetros de tamanho e milhões de pedaços menores.
Todo lixo espacial é o resultado do lançamento de objetos da Terra e permanece em órbita até entrar novamente na atmosfera. Alguns objetos em órbitas inferiores de algumas centenas de quilômetros podem retornar rapidamente. Frequentemente, voltam à atmosfera depois de alguns anos e, em sua maior parte, queimam – por isso não chegam ao solo.
Detritos ou satélites deixados em altitudes mais elevadas de 36.000 quilômetros – onde os satélites de comunicações e meteorológicos são frequentemente colocados em órbitas geoestacionárias – podem continuar a circundar a Terra durante centenas ou mesmo milhares de anos.
Em Farroupilha:
*Com informações de MetSul