Espiritismo é ciência?!

Sempre fui conduzido a acreditar que espiritismo não é ciência, principalmente por parte da sociedade científica moldada por estudos acadêmicos ultrapassados e dogmatas religiosos conservadores que afirmavam que espiritismo também não é religião, tudo com a intenção de enfraquecer a Doutrina em proveito dos seus interesses difusos.

Preliminarmente, ciência é a representação de conhecimentos adquiridos através de uma metodologia que envolve pesquisa, estudo e prática baseada em princípios. O Espiritismo, mesmo sendo tratado de forma refratária por esta “ciência”, possui princípios que corroboram sua cientificidade, assim afirmou Allan Kardec na sua codificação, pois a Doutrina possui caráter científico, filosófico e religioso trazendo, como nenhuma outra, evidências que demonstram com clareza o mundo subjetivo e abstrato. E por ter esta característica de compreensão difícil, já deveria receber destaque no mundo dos estudos, pois as demais disciplinas são tangíveis e de menor dificuldade exemplificativa.

Como pesquisa façamos referência às diversas tradições esotéricas das religiões, desde o Budismo até a diversidade de povos indígenas ao redor do mundo que acreditam na continuidade do espírito. Como estudo, nos referimos ao eletromagnetismo, exarados nas considerações de Isaac Newton através da Lei de Causa e Efeito. Com relação à prática, desnecessário salientar que o espiritismo é fenômeno crescente na sociedade, pois nada persiste no tempo se não tiver resultados que satisfaçam a razão. Vimos assim que todos os requisitos conceituais são atendidos plenamente, caracterizando a Doutrina como ciência.

Uma das obras da Codificação merece ênfase de leitura obrigatória, visto seu caráter de esclarecimento da Doutrina – A Gênese, publicada em 1868 – que aborda assuntos que se estendem desde astronomia geral à religião.

Afirmamos ser Doutrina religiosa, pois estuda Deus como potência soberana e de causa primária de tudo e de todos, salientando sua trindade: onipotência, onisciência e onipresença. Fazendo referência sobre a passagem de Nosso Senhor Jesus Cristo. Nos caminhos filosóficos, precisamente no Capítulo III, referida obra ingressa no mundo ideológico através da ética na análise da sua causa e exteriorização nos indivíduos.

Nos capítulos IV, VI, VII, X, XIII e XVI faz profundas considerações científicas, algumas ainda desconhecidas à época. Trazendo referência da crença antiga de uma terra plana até o multiverso confirmado pelos estudos atuais de Stephen Hawking, e ainda a relatividade do espaço e o tempo proposta por Albert Einstein. A geologia é esclarecida e exemplificada, detalhando a formação e evolução planetária e sua constante transformação. A biogênese foi enfatizada dizendo que todo ser vivo procede de outro ser vivo, causando inquietação à “ciência” daquele tempo, fatores já superados e reconhecidos nos dias atuais na figura de Charles Darwin, que procurou estudar a evolução das espécies numa perspectiva global e sintética.

Enfim, a Doutrina codificada continua permanentemente sendo recepcionada pela ciência, embora alguns digam que não é ciência Ela, por vezes, é demolidora de conceitos, fazendo surgir novos paradigmas.

Todavia, é forçoso reconhecer sem desmerecimento, que nem todas as casas espíritas praticam a ciência espírita. Que nem todo espírita é médium e que nem todo médium é espírita.

Contudo a não aceitação do Espiritismo como ciência é resistência daqueles que por motivos de estarem presos em seus ensinos acadêmicos, se obstinam em permanecer estacionados, pois a acomodação em termos profissionais lhes convém e não precisariam rever seus conceitos afirmados publicamente e sistematicamente.

Por outro lado, contraditoriamente a oposição, há um aceite da Parapsicologia embora ainda digam ser pseudociência, cujos fundamentos principais são os mesmos da ciência espírita, pois também se dedica a explicação dos fenômenos paranormais e psíquicos.

Entretanto, justamente por ter caráter religioso e científico, a resistência na aceitação não é apenas de cunho técnico, mas também de caráter doutrinário, uma vez que entra em choque com dogmas praticados por variadas religiões.

Em conclusão, podemos afirmar que o espiritismo não é somente uma ciência, mas um conjunto de ciências que leva sua decodificação, não nega nenhuma religião, o contrário vê sua importância social, usando como ponte de entendimento a filosofia esclarecedora. Como diz Kardec o espiritismo é “como a luz através da qual o homem sabe doravante de onde vem, para onde vai e por que está na Terra e por que sofre”. Convido a todos a estudarem científica e metodologicamente os ensinamentos trazidos pela espiritualidade superior e possam assim rever seus conceitos, assim como reconsiderei os meus.

“O que faz andar o barco não é a vela enfunada, mas o vento que não se vê.” (Platão)

Escrito por Mauro Falcão,