O preço da erva-mate ainda não foi modificado nas gôndolas, mas isso poderá ocorrer nos próximos dias. É que a estiagem atinge as regiões produtoras o que poderá influenciar no reajuste, aliado a outros fatores. Ilvandro Barreto de Melo, engenheiro da Ascar/Emater, especializado em florestas comerciais, explicou em entrevista à Rádio Diário AM 780 que os preços, por hora, ainda estão os mesmos que vinham sendo praticados, mas a situação não se manterá por muito tempo.
“Se permanecer sem chuvas a tendência é que tenhamos redução na produtividade, inclusive alguns produtores optam por não podem pois não se recomenda a colheita quando há estresse hídrico”, destacou.
Por outro lado, Melo observou que o reajuste não poderá ser significativo, sob pena do consumidor deixar de comprar. “Sabe-se que existe um limite e acima dele o consumidor não paga pela erva-mate, algo em torno de R$ 17, então deverá ser feita uma matemática para encontrar o equilíbrio abaixo deste valor”, comentou.
“Outro fator é o preço do papel, da embalagem, que é significativo. Tem ainda mão de obra, energia elétrica, mas as embalagens ficaram mais higiênicas, mais seguras, tem mais qualidade e esta evolução tem um preço”, completou.
O engenheiro detalhou que na última safra já houve redução de produtividade, que oscilou entre 25% e 30% nos cinco polos ervateiros do Estado, incluindo Argentina e Paraguai. Isso deve refletir também no reajuste.
“São países com grande produção. A Argentina, por exemplo, há muito tempo não importava erva-mate, agora passou a fazê-lo. Foram 17 milhões de quilos adquiridos, 20% de produto brasileiro e 80% do Paraguai. O fato de retirar 20% da produção do Brasil já foi suficiente para mudar o mercado nacional. Em anos normais exportávamos entre 30 e 35 mil toneladas. Em 2020 devemos ultrapassar 40 mil. A erva-mate já está sendo consumida continuamente em 120 países e isso pode ser ampliado”, contextualizou.
Mudança de hábito também influencia
Com a pandemia de Covid-19 um hábito típico dos uruguaios também passou a ser adotado pelos brasileiros: o consumo individualizado do chimarrão e do tererê. “Deixamos de consumir em grandes rodas de mate. Agora é cada um com sua cuia. Este fato ampliou o consumo porque são mais cuias em uso e mais erva-mate. Esta sistemática também influenciou o mercado do porongo, com a alteração dos tamanhos. Parte desta tendência deve permanecer”, informou.
Fonte: Rádio Diário AM 780