O rápido avanço de infecções por coronavírus em Caxias do Sul faz com que o sistema de saúde do município esteja a beira de um colapso. Em meio a festas clandestinas, reuniões de jovens em praças e postos de combustíveis, aglomerações em filas de estabelecimentos dos mais variados serviços, há pacientes internados com Covid-19 nos cinco hospitais da cidade.
Hoje, com as expansões dos complexos hospitalares particulares e dos novos leitos SUS, Caxias possui 176 Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs). Destas, 92 são privadas e 81 públicas.
Conforme os últimos dados atualizados da Secretaria Municipal da Saúde que estão no Painel Covid, 161 pessoas estão internadas em UTIs da cidade. Entre os pacientes, 60 são casos confirmados de coronavírus e 21 suspeitos, que testaram, estão em estado que inspira cuidados, mas não obtiveram ainda o retorno do resultado do teste de Covid-19.
Isso significa que 37,2 % dos leitos ocupados de UTIs em Caxias são por pacientes infectados pelo vírus. Se todos os testes das 21 pessoas suspeitas, este percentual pode subir para 50,3%, ou seja, mais da metade dos leitos utilizados para o tratamento de pacientes com Covid-19.
A demora na recuperação dos infectados é um dos pilares problematizadores que o sistema de saúde enfrente. No início desta semana, o Dr. Vinícius Lain, diretor do Complexo Hospitalar Unimed Nordeste, disse que o paciente que recupera-se da doença fica, em média, de 25 a 35 dias em um leito de UTI, dependendo do agravamento.
“Esse é o grande problema do coronavírus. O paciente demanda muito tempo de cuidado intensivo. O Hospital Unimed tem lidado com taxas muito baixas de mortalidade, nossa mortalidade é 1,2%, considerada excelente de salvamento de pacientes, mas todos pacientes permanecem mais que duas semanas na UTI. Os pacientes que vão a óbito fazem giro de UTI de 18 dias, os que são salvos, o número já sobe para 25 a 35 dias. Então tu colocas um paciente, não tem alta em 20 dias, se colocarem mais um por dia, ainda não tirou o primeiro. Esse baixo giro de UTI que gera o colapso. A quantidade de dias, de tecnologia e quantidade de funcionários. Esse é outro problema que o hospital enfrenta hoje. A gente tem equipes exaustas, funcionários afastados ou porque contratiram, ou com familiares contaminados, então a gente não tem funcionários dentro do hospital para abrir todos os leitos de UTI que a gente gostaria”, diz o médico.
A prefeitura de Caxias do Sul convocou uma coletiva de imprensa para às 16h desta quarta-feira (16).