O clima esquentou na Sessão Ordinária da Câmara de Vereadores de Caxias do Sul desta terça-feira (8). Tumultos, discussões e ameaças foram registradas desde o início do expediente da Casa Legislativa. Os incidentes foram resultado da presença de manifestantes que comparecem à Câmara para cobrar explicações do vereador Lucas Caregnato (PT).
Na última segunda-feira (7), o parlamentar postou um vídeo nas redes sociais repudiando a manifestação em frente ao Quartel do 3º Grupo de Artilharia Antiaérea (3º GAAAe) da cidade. Nas imagens, gravadas em frente à prefeitura municipal, Caregnato comenta que protocolou um pedido de informações ao prefeito Adiló Didomenico (PSDB) para tratar dos assuntos relacionados às manifestações em frente ao 3º GAAAe. Conforme o vereador, foram recebidas dezenas de ligações de moradores reclamando dos protestos.
“As pessoas não conseguem acessar a garagem em razão da ‘arruaça’ que está acontecendo em frente ao Quartel. Nós vivemos no Estado Democrático de Direito, e o ato que ocorre em frente ao Quartel pede a intervenção militar, portanto é ilegal”, destacou o vereador.
No vídeo, o petista também comenta sobre os banheiros químicos que foram instalados sobre as calçadas da Avenida Rio Branco, no bairro Rio Branco, destinados ao uso dos manifestantes que persistem protestando contra o resultado das Eleições.
“Nós estamos cobrando do prefeito [Adiló] ao que se refere a fiscalização… tem banheiro na calçada, tem pessoas acampadas ali, o trânsito é fechado, ou seja, qual é a responsabilidade do município para resolver essa questão? Esse não é um ato político, esse não é um ato democrático, é uma ‘pataquada’ de quem não respeita a democracia, atrapalha a vida das pessoas e por isso o prefeito tem responsabilidade e precisa se manifestar. Essa ‘baderna’ e esse ‘mimimi ‘ têm que acabar”, defendeu Caregnato .
“Ódio do bem”
Além dos manifestantes, apoiadores do PT também compareceram à Câmara nesta terça. Pouco antes das 9h, houve confusão dentro da Casa Legislativa. O vereador Maurício Scalco (Novo) alegou ter sido agredido.
“Surgiu um grupo mais radical aqui e, antes de começar a Sessão, eles começaram a agredir com palavras, chamando de ‘fascista’, ‘nazista’ e diversos outros adjetivos. Quando começou a Sessão eles invadiram a parte do plenário e um dos rapazes partiu para cima de mim com ameaças… filmando. Estamos estudando as formas legais para evitar esse tipo de confronto dentro da Câmara e esse pessoal mais extremista, que vem aqui querendo aparecer, é a esquerda paz e amor, o ódio do bem”, ironizou Scalco.
Oração frustrada
Outro momento de discussão foi registrado durante a fala do vereador Rafael Bueno (PDT). Ao relatar que não concordava com o teor das manifestações, destacando o respeito à toda forma de protesto, houve mais um tumulto. Neste momento, aconteceu um novo desentendimento, desta vez entre o vereador Alexandre Bortoluz (Progressistas) e um cidadão contrário às manifestações. Um fato curioso, que chamou atenção dos presentes, foi a oração do “Pai Nosso” puxada por Bueno que, em meio ao desentendimento, disse querer “acalmar os ânimos”.
“Gente… vamos rezar um Pai Nosso então: ‘Pai nosso, que estás nos céus! Santificado seja o vosso nome…'”, entoou Bueno ao som de acusações e xingamentos ao fundo.
Discurso ignorado
No momento em que Lucas Caregnato subiu à tribuna para a Declaração de Líder, os manifestantes, que contestam o resultado das Eleições, viraram as costas para o parlamentar e cantaram o Hino Nacional Brasileiro.
“Eu me forjei na militância, não de hoje, há muitos anos, respeito e defendo as manifestações na democracia, mas, no Estado Democrático de Direito, o que tangencia a nossa ação como parlamentares e cidadãos é a defesa da democracia. E o que está posto hoje no Brasil é um grupo de pessoas que não reconhece a derrota eleitoral. Muitas dessas pessoas, ilegalmente, pedem a intervenção militar… eu tenho o direito de me manifestar e assim eu farei”, enfatizou Caregnato após a Sessão ser retomada.
No telão da Câmara, o parlamentar mostrou mensagens de moradores do bairro Rio Branco que se mostraram incomodadas com as manifestações.
“Eu digo para vocês: eu não tenho nenhum eleitor [no bairro], ou seja, o Rio Branco não é potencialmente eleitor da esquerda e nem do Lula, mas e quanto as pessoas que têm dificuldade de entrar na sua casa, de dormir em razão do barulho, de acesso à sua residência, do fechamento das vias, ou isso não está acontecendo há dias?”, questionou o petista.
[su_youtube_advanced url=”https://youtu.be/C_7dPr2MPE8″]