Opinião

Entendo, mas não gosto

Entendo, mas não gosto

Olha, eu até entendo um governo que lute com unhas, dentes e emendas parlamentares a sua sobrevivência. É instintivo, é primitivo. Na vida é assim, primeiro se sobrevive, depois convive-se com as consequências das medidas adotadas. E aqui já se abre a oportunidade para dizer que embora Entenda não quer dizer que concorde ou aprove os mais de 15 bilhões liberados assim de afogadilho em emendas parlamentares para deputados que defendam o governo.

Aliás, estas tais emendas parlamentares, sempre saudadas quando chegam na base, em forma de dinheiro para uma creche, para uma unidade de saúde ou para um hospital, a gente comemora e alardeia. Mas é este um instrumento utilizado no arcaico sistema clientelista em que se paga favor com mais favores. Uma prática antiga e desprezível. Mas, fazer o que? Precisamos do dinheiro e aí o aceitamos. Esta é uma das armas, entre tantas outras, que ajudam políticos com mandato a continuarem se eternizando no poder.

Também entendo, mas não quer dizer que concorde, quando um governo que se vê emparedo. Temer está sufocado entre a necessidade de fazer a economia andar, com a popularidade em baixa e endividado com a oligarquia que o sustenta. Por isso toda esta urgência em fazer aprovar as reformas. A trabalhista, todo mundo sabe que se fosse muito discutida não seria aprovada ou, quando muito, sairia um pálido rascunho do muito que se necessitava. Foi assim que aconteceu com a minirreforma política de um ano e pouco atrás. Não é que concorde, mas entendo. Põe-se o bode na sala. Um bode tão fedorento quanto o que havia antes. Mudaram as correlações e agora que se trate de perfumar o monstrengo.

Vai gerar empregos? Certamente não num primeiro momento. Mas é certo que abre perspectivas novas e que antes eram desanimadoras para quem desejasse arriscar. O capital não tinha porque deixar de ser especulativo. Como sair da toca e investir em negócios que já são arriscados por conta do mercado, imagine-se com tanta oneração.

Agora é questão de ver e ajustar. Mas isto só depois que o Governo garantir sua permanência no poder. Esta é a preocupação número um em Brasília hoje. Bem distante de qualquer outra.