As enchentes de 2023 e 2024 devem fazer o Rio Grande do Sul perder o posto de maior produtor de mel do país. Pior do que isso é o impacto econômico para os pequenos produtores, que são a grande maioria no Estado.
No ano passado, em torno de 10% da população de abelhas foi dizimada pelas enchentes. Em torno de 35 mil a 50 mil colmeias foram perdidas e a chamada florada de primavera foi comprometida. A tentativa de recuperação, com a florada de outono, foi comprometida com as enchentes de maio de 2024.
“A situação do setor é catastrófica”, resume o vice-presidente da Federação Apícola e de Meliponicultura do Rio Grande do Sul (Fargs) e coordenador da Câmara Setorial de Apicultura e Meliponicultura do Estado, Patric Luderitz.
O Rio Grande do Sul era responsável por 15% do total da produção de mel do Brasil, com nove mil toneladas produzidas no ano de 2022, segundo pesquisa mais recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Das pouco mais de 100 mil propriedades rurais que se dedicam à apicultura no país, 37 mil ficam no Estado. O valor da produção brasileira de mel é de cerca de R$ 1 bilhão.
Segundo Patric Luderitz, a apicultura do Rio Grande do Sul levará pelo menos dois anos para se recompor. “Tudo vai depender do clima e dos recursos que teremos para injetar na atividade. Se tivermos R$ 300 mil, é uma coisa. Com R$ 3 milhões, é outra”.
Os produtores gaúchos constroem seus apiários em áreas de várzea porque a biodiversidade costuma ser mais rica nesses espaços, o que melhora a produção. A saída agora vai ser instalar os apiários nas áreas de coxilha, e isso vai diminuir a produção. Mesmo assim, sem alimento suficiente, as abelhas do Rio Grande do Sul enfrentarão o inverno extremamente fragilizadas, o que pode elevar ainda mais as perdas no Estado.