Brasil

Em discurso na ONU, Bolsonaro destaca riqueza da Amazônia

Foto9: (REUTERS/Lucas Jackson/Direitos Reservados)
Foto9: (REUTERS/Lucas Jackson/Direitos Reservados)

O presidente Jair Bolsonaro disse nesta terça-feira (24) que a Organização das Nações Unidas (ONU) não pode aceitar a volta do colonialismo e defendeu a soberania brasileira na Amazônia. Durante seu discurso na abertura da 74ª Assembleia Geral da ONU, em Nova York, nos Estados Unidos, Bolsonaro reafirmou o compromisso do país com a preservação do meio ambiente e com o desenvolvimento sustentável da região.

“O Brasil é um dos países mais ricos em biodiversidade e riquezas minerais, nossa Amazônia é maior que toda Europa Ocidental e permanece praticamente intocada, prova de que somos um dos países que mais protege o meio ambiente”, disse ele aos chefes de Estado.

Cerca de 14% do território brasileiro é demarcado como terras indígenas e Bolsonaro destacou que não pretende demarcar novos territórios. “Quero deixar claro: o Brasil não vai aumentar para 20% sua área já demarcada como terra indígena, como alguns chefes de Estados gostariam que acontecesse”, afirmou.

“O índio não quer ser latifundiário pobre em cima de terras ricas. Especialmente das terras mais ricas do mundo. É o caso das reservas Ianomâmi e Raposa Serra do Sol. Nessas reservas, existe grande abundância de ouro, diamante, urânio, nióbio e terras raras, entre outros”, disse, destacando que o Brasil usa 8% de seu território para produção de alimentos.

O presidente brasileiro defendeu uma política de tolerância zero com a criminalidade, incluindo os crimes ambientais, e ressaltou que os incêndios que vem ocorrendo na Amazônia nos últimos meses são característicos dessa época do ano, de seca e ventos. Bolsonaro criticou a mídia internacional pela repercussão negativa que as queimadas tiveram pelo mundo e a possibilidade de os países aplicarem sanções econômicas ao Brasil.

“É uma falácia dizer que a Amazônia é patrimônio da humanidade e um equívoco, como atestam os cientistas, afirmar que a nossa floresta é o pulmão do mundo. Valendo-se dessas falácias, um ou outro país, em vez de ajudar, embarcou nas mentiras da mídia e se portou de forma desrespeitosa, com espírito colonialista. Questionaram aquilo que nos é mais sagrado: a nossa soberania!”, disse.

Bolsonaro leu uma carta que, segundo ele, foi encaminhada aos chefes de Estado por um grupo de agricultores indígenas do Brasil, formado por 52 etnias que habitam uma área de mais de 30 milhões de hectares no território brasileiro. Na carta, eles apoiam a representação da indígena Ysani Kalapalo, moradora de uma aldeia no Parque Indígena do Xingu, no Mato Grosso, que integra a delegação brasileira na Assembleia Geral da ONU.

“Existem, no Brasil, 225 povos indígenas, além de referências de 70 tribos vivendo em locais isolados. Cada povo ou tribo com seu cacique, sua cultura, suas tradições, seus costumes e principalmente sua forma de ver o mundo.

A visão de um líder indígena não representa a de todos os índios brasileiros”, disse Bolsonaro, argumentando que, muitas vezes, alguns desses líderes, como o cacique Raoni, são “usados como peça de manobra por governos estrangeiros na sua guerra informacional para avançar seus interesses na Amazônia”.

Raoni Metuktire é um líder indígena brasileiro da etnia caiapó, conhecido internacionalmente por sua atuação na Amazônia. “Isso demonstra que os que nos atacam não estão preocupados com os índios, mas sim com as riquezas minerais e biodiversidade existentes nessa área”, ressaltou. “Acabou o monopólio do Senhor Raoni.

A Organização das Nações Unidas teve papel fundamental na superação do colonialismo e não pode aceitar que essa mentalidade regresse a estas salas e corredores, sob qualquer pretexto.”

Bolsonaro disse ainda que qualquer iniciativa de ajuda ou apoio à preservação da floresta amazônica ou de outros biomas deve ser tratada com pleno respeito à soberania brasileira e que busca parcerias para agregar valor de forma sustentável às riquezas brasileiras.

O presidente também rechaçou as tentativas de instrumentalizar a questão ambiental ou a política indigenista em prol de interesses políticos e econômicos externos, “em especial os disfarçados de boas intenções”.