
O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Rio Grande do Sul (GAECO/MPRS) deflagrou, na manhã desta quinta-feira (04), a Operação Ascaris, que mira um esquema de desvio e venda irregular de doações enviadas dos Estados Unidos e de empresas da Serra Gaúcha para vítimas das enchentes de 2024 no Estado.
A ofensiva cumpriu oito mandados de busca e apreensão em Caxias do Sul, São Marcos e Boa Vista do Sul. Além disso, a Justiça determinou o bloqueio de contas bancárias no valor de R$ 2 milhões.
Em Caxias do Sul, um dos endereços alvo da operação foi em uma casa na rua Sarmento Leite, onde anteriormente funcionava uma ONG e que atualmente abriga um brechó.
A investigação e a operação tiveram apoio do Núcleo de Inteligência da instituição (NIMP) e da Brigada Militar (BM), sob condução do promotor de Justiça Manoel Figueiredo Antunes, coordenador do 5º Núcleo Regional do GAECO – Serra.
As apurações apontam que roupas e utensílios destinados a famílias desabrigadas eram encaminhados inicialmente para uma ONG, mas depois acabavam sendo vendidos em brechós da região. Há indícios de enriquecimento ilícito, com uso de laranjas e recebimento de valores via Pix em nome de terceiros.
Segundo a investigação, parte do dinheiro obtido ilegalmente foi utilizada para a compra de veículos, um apartamento e outros bens ligados à principal pessoa investigada. Ao todo, oito suspeitos, três deles da mesma família, e uma empresa jurídica são alvos do GAECO.
Detalhes da investigação e acusações
Segundo o promotor responsável pela ação, o grupo teria cometido os crimes de apropriação indébita, organização criminosa e lavagem de dinheiro, todos praticados em contexto de calamidade pública.
A investigação começou após uma denúncia enviada ao Consulado-Geral do Brasil em Miami, que alertou a Defesa Civil do Estado sobre a venda de roupas importadas, algumas delas de marcas conhecidas, que deveriam ter sido destinadas às famílias afetadas pelas enchentes.
Com a apreensão de documentos, mídias e celulares, o GAECO busca identificar possíveis novos envolvidos, descobrir quanto foi movimentado, os valores obtidos com a revenda ilegal e apurar se houve desvio de doações em outras situações.
“O interesse público é muito superior ao interesse individual dos investigados, que se aproveitaram da dor das pessoas para obter vantagem patrimonial. Inclusive, divulgavam ações solidárias em suas redes sociais durante as enchentes, e um dos investigados chegou a ser reconhecido publicamente por isso”, destacou o promotor Manoel Figueiredo Antunes.
Já o coordenador estadual do GAECO, promotor de Justiça André Dal Molin, informou que “a Operação Ascaris, que sempre teve uma interlocução direta com a Defesa Civil do Estado, em uma parceria entre as instituições públicas, busca responsabilizar os envolvidos e garantir que recursos e bens desviados sejam recuperados”.







