Em outubro, mais de 340 mil eleitores voltam às urnas em Caxias do Sul para escolher seus representantes municipais para os próximos quatro anos. Na preparação para o pleito, os partidos já iniciaram as movimentações internas e negociações. A reportagem do Portal Leouve escutou os presidentes municipais das siglas com maior representação na Câmara de Vereadores para ilustrar o cenário que se desenha até o momento.
As eleições serão realizadas no dia 6 de outubro, conforme o calendário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). No último domingo do mês, dia 27, ocorre o segundo turno caso nenhum candidato à prefeitura atinja a maioria absoluta dos votos. Ao fim da matéria, você confere outras datas importantes.
Tucanos tentarão reeleição, mas sem chapa pura
À frente do poder Executivo atualmente, o PSDB adianta que tentará a reeleição de Adiló Didomenico. O presidente da sigla no município, Neri, o Carteiro, argumenta que o prefeito vigente “está próximo de todos os segmentos” e “conhece a cidade como ninguém”. Listou, também, ações da gestão tucana em Caxias que garantem, segundo ele, mais de 80% do plano de governo realizado ou encaminhado.
“Estamos reapresentando o nome do nosso prefeito Adiló porque acreditamos no trabalho dele, na competência dele e na maneira responsável como ele faz política, para ser o candidato do PSDB”, afirma.
Diferente de 2020, quando a legenda organizou uma chapa pura à prefeitura com Adiló e a vice Paula Ioris, desta vez, outro partido deve compor a nominata, adianta Neri. O líder do diretório local diz que acontecem negociações com Cidadania (federação), União Brasil, MDB, Solidariedade e PP, além das agremiações que compõem a base do governo municipal, como PRD (fusão entre PTB e Patriota), Republicanos e PSB.
“Entendemos que o momento é diferente, o cenário é diferente e requer um momento de abrir para outros partidos. Isso é bom para a democracia, para que outros partidos também venham para somar no processo com as suas ideias”, disse Neri.
Pepe passa o bastão petista
O PT é outra sigla que deverá ser cabeça de chapa nas eleições majoritárias deste ano. O nome do ex-prefeito Pepe Vargas (1997-2004), que disputou o Executivo nas duas últimas oportunidades (2016 e 2020), será substituído pelo da deputada federal Denise Pessôa, como garante a presidente do partido em Caxias, Joceli Veadrigo, a Picola.
“O nome que nós temos internamente é o da nossa companheira deputada Denise Pessôa, que é uma mulher de muita garra, que já tem uma trajetória na política muito linda, de muito trabalho, de muita sensibilidade para as necessidades e a vida do povo”, elogia.
A legenda, que tem como sua principal representação o presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, mantém conversas com os partidos da federação – PV e PCdoB – e com siglas de maior proximidade ideológica, como PDT e PSB, explica Picola. Com quase 4 mil filiados no município, e três vereadores eleitos (2021-2024), ela projeta um aumento na representatividade petista no Legislativo.
“Estaremos juntos nesse debate, estaremos juntos nessa construção por Caxias, que carece muito, nesse momento, de políticas públicas que atendam a necessidade de toda a população”, pontua Picola.
As ideias do PL
Com “alianças firmadas” com PP, Podemos e Novo, o PL lançará o vereador Maurício Scalco como pré-candidato a prefeitura de Caxias do Sul. Esse é o ecossistema “liberal na economia e conservador nos costumes” desenhado pelo presidente do PL municipal, César Bernardi.
“O PL hoje tem a maior representatividade na Câmara Federal e isso colocou ele numa situação de projetar o lançamento de uma campanha majoritária aqui em Caixas do Sul”, observa, salientando que o município terá atenção plena da sigla no Rio Grande do Sul, afinal Porto Alegre não deverá ter candidato liberal às majoritárias.
No entanto, ele não revela nomes que possam compor a chapa para vice. Quem dá um ‘spoiler‘ é o deputado federal Maurício Marcon (Podemos) em publicação no Instagram, em 23 de dezembro passado, na qual afirma que a vereadora Gladis Frizzo, hoje no MDB, será a vice de Scalco na “aliança da direita”.
Para alcançar governabilidade, Bernardi quer um aumento de representantes do PL no Legislativo caxiense. Além de Scalco, Sandro Fantinel é parlamentar pela agremiação atualmente. O chefe do diretório local também revela que lideranças nacionais do PL, como o ex-presidente Jair Bolsonaro e o deputado federal Nikolas Ferreira, têm “grandes chances” de vir à Caxias apoiar a candidatura à prefeitura. Inclusive, Scalco foi filiado em evento com a chancela de Bolsonaro, em Esteio, no último mês de novembro.
“Tem várias lideranças e todas elas a gente pretende trazer para participar da campanha. Estamos já buscando agenda com eles para que estejam aí no período eleitoral para demonstrar apoio”, frisa.
MDB e PDT estão por um ‘sim’ de ex-prefeitos
Dois partidos históricos da política nacional, MDB e PDT dividem uma expectativa semelhante: a espera por um ‘sim’ de ex-prefeitos para uma candidatura por suas respectivas legendas ao poder Executivo caxiense.
Em reunião na capital, na segunda-feira (8), o presidente estadual pedetista, Romildo Bolzan, orientou que assuntos relacionados às eleições municipais sejam tratados “sem pressa”, e pediu uma priorização na escolha do ex-prefeito Alceu Barbosa Velho (2013-2016) como cabeça de chapa da sigla.
“Esgotadas as possibilidades de ele vir, aí sim a gente pode trabalhar uma composição de chapa. Mas o PDT reafirma que é prioridade estadual, que o PDT prioriza a candidatura em Caxias do Sul com o nome do ex-prefeito Alceu Barbosa Velho”, relatou o presidente do diretório caxiense, vereador Rafael Bueno.
Alceu disse ter ficado feliz por ser lembrado, mas foi categórico em conversa com a reportagem:
“Se não preciso dizer que sim, também não vou dizer que não”.
O partido conta, segundo Bueno, com cerca de 6,3 mil filiados em Caxias do Sul após expressivo número de adesões no ano passado. Ele projeta uma bancada mais fortalecida para 2025-2028 na Câmara, “com três vereadores no mínimo”, frente aos dois atuais (Bueno e Lucas Diel).
Pelo lado dos emedebistas, um encontro realizado no dia 28 de outubro de 2023 ainda reverbera o pensamento de lideranças e filiados do partido. Na ocasião, o ex-governador e ex-prefeito de Caxias José Ivo Sartori (2005-2012) foi convocado pelos maiores representantes da legenda no Estado para disputar a prefeitura novamente em 2024.
Daquela vez, Sartori discursou que “não adianta só buscar pessoas. É preciso construir unidade e um projeto para o município”. Desde então, as negociações e o aguardo por um ‘sinal verde’ seguem, de acordo com o presidente do MDB local, Carlos Búrigo. Segundo ele, o nome do ex-prefeito “está acima de todos nós”, e é recomendado, também, pelos diretórios emedebistas estadual e federal.
“É claro que o Sartori está pensando, está conversando, está conversando com a família também e, no momento adequado, no momento correto, ele vai tomar a sua posição. Mas nós temos conversado internamente no sentido de que ele possa aceitar esse desafio”, reforça.
Búrigo acrescenta que é mantido diálogo com partidos “de centro para direita”, e cita PSB, PSDB e PDT como satélites para possíveis uniões. Hoje, há em torno de 3 mil emedebistas filiados em Caxias. Na Câmara, a bancada da legenda possui dois integrantes: Felipe Gremelmaier e Gladis Frizzo.
O que dizem outros partidos
Flávio Cassina – presidente do PRD municipal
“Estamos trabalhando a consolidação do PTB com o Patriota, aprontando a documentação. Temos aproximadamente 4 mil filiados em Caxias: 3 mil do PTB e mais ou menos 1 mil do Patriota. Estamos afinados com a reeleição do prefeito Adiló, e estamos finalizando nominata completa para as eleições proporcionais.”.
Zé Dambrós – presidente do PSB municipal
“Não tem nenhum comentário dentro do partido de termos um candidato ou uma candidata à majoritária. Algumas conversas circulam de que daqui a pouco o partido poderia indicar o vice. Isso também tem conversas, mas nós vamos reunir a executiva e discutir mais. Nós continuamos o diálogo com todos os partidos, mas reitero que nós estamos no governo Adiló. Estamos ajudando a cidade, ajudando a administração”.
Datas importantes do calendário eleitoral
- Entre 7 de março e 5 de abril: Janela Partidária, período em que vereadoras e vereadores poderão trocar de partido para concorrer às eleições sem perder o mandato;
- Dia 6 de abril, seis meses antes do pleito, é a data-limite para que todas as legendas e federações partidárias obtenham o registro dos estatutos no TSE;
- Jovens que precisam tirar o título ou eleitoras e eleitores que desejam fazer a transferência de domicílio eleitoral ou alterar o local de votação têm até 8 de maio de 2024;
- Entre 20 de julho e 5 de agosto é permitida a realização de convenções partidárias. Definidas as candidaturas, as agremiações têm até 15 de agosto para registrar os nomes na Justiça Eleitoral;
- Propaganda eleitoral só pode ser feita a partir de 16 de agosto de 2024;
- A propaganda gratuita no rádio e na TV (Horário eleitoral gratuito) é exibida de 30 de agosto a 3 de outubro.