Caxias do Sul

“É um tiro no pé”, diz comissão sobre transferir médicos das UBSs para o Postão

Postão 24 horas é o principal gargalo da saúde em Caxias do Sul.
 (Foto: Mauro Teixeira/Grupo RSCOM)
Postão 24 horas é o principal gargalo da saúde em Caxias do Sul. (Foto: Mauro Teixeira/Grupo RSCOM)


O presidente da Comissão de Greve dos Médicos que atendem pelo Sistema Único de Saúde de Caxias do Sul, André Pormann, entende que a ideia da prefeitura de realocar os médicos que atendem nas Unidades Básicas de Saúde para atender no Postão 24h “é um tiro no pé”. A sugestão foi apresentada pela Secretária de Saúde, Deysi Piovesan, durante encontro no com a Promotora Adriana Chesani, no Ministério Público.

Para o presidente da Comissão de Greve, a rede de atendimento das UBSs já possui diversos problemas e uma transferência de médicos agravaria ainda mais a situação. “É um tiro no pé da secretária. Nós já temos uma rede deficitária de médicos, com inúmeras exonerações e redução de carga horária, com um número estimado de 10 mil consultas a menos na rede básica por mês e tu ainda vai tirar e colocar no Postão, ou seja, tu vai transferir a fila do posto para o Postão”, avalia.

A sugestão apresentada pela Secretária de Saúde ao Ministério Público prevê a substituição dos médicos que deixarão de atuar nas Unidades Básicas de Saúde. Para Pormann, porém, a prefeitura não possui recursos humanos para fazer a mudança que está propondo. “Em 1º de janeiro nós tínhamos 127 médicos trabalhando no Postão. Hoje nós temos 98. Faltam 30 médicos no Postão. Ela vai contratar 12. Qual é essa matemática? De 12 ela vai transformar em 30?”, questiona.

Postão 24 horas é o principal gargalo da saúde em Caxias do Sul.
(Foto: Mauro Teixeira/Grupo RSCOM)

Além da crítica à mudança, o presidente da Comissão de Greve também critica a postura da administração municipal diante de outros aspectos referentes ao Pronto Atendimento 24 horas. “O problema do Postão não é só falta de médicos. Existe falta de enfermeiros, falta de técnico de enfermagem e principalmente vaga de leito hospitalar. O município está se negando a comprar vagas quando a rede está lotada”, denuncia.

Derrota judicial

Nesta semana, o Tribunal Regional do Trabalho da 4ª região negou um recurso do Sindicato dos Médicos e manteve a decisão que impede a entidade de representar os médicos que atendem pelo Sistema Único de Saúde na greve dos servidores do município. O entendimento é de que o Sindicato dos Servidores Municipais (Sindiserv) é quem representa a categoria. A decisão é embasada em um pedido do Ministério Público do Trabalho.

Desde que o Sindicato foi proibido de representar os médicos, uma comissão assumiu o comando da greve, que já perdura há dois meses, sem uma perspectiva de desfecho.