Caxias do Sul

"É o cliente que paga as nossas contas. Sem ele, não somos nada”, resume empresário na CIC Caxias

Conselheiro da Randoncorp, Astor Milton Schmitt compartilhou saberes da sua carreira na RA desta segunda-feira (10)

"É o cliente que paga as nossas contas. Sem ele, não somos nada”, resume empresário na CIC Caxias
Com plateia lotada, Astor Schmitt palestrou na RA CIC desta segunda-feira (10) | Foto: Luca Roth/Grupo RSCOM

Histórias inspiradoras não faltam nos 64 anos de carreira do empresário Astor Milton Schmitt, 80, convidado da RA CIC Caxias desta segunda-feira (10). Conselheiro da Randoncorp e sócio-proprietário da AMJD Administração e Participações, ele compartilhou saberes de sua caminhada no empreendedorismo para empresários, políticos e gestores presentes na Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul (CIC Caxias). “Vou fazer uma abertura de baú”, brincou Astor Schimitt.

O empresário remeteu a atenta plateia a 1862, ano em que a família Schmitt, liderada pelo seu avô Gottfried Schmitt, chegou da Alemanha e se instalou onde, hoje, está situado o município de Vera Cruz, no Centro do Estado. Lá, Astor nasceu e foi criado. Estudou em uma escola elementar local e completou o ensino médio. E, desde cedo, realizou atividades domésticas e agrícolas.

“A simplicidade do meu pai e da minha mãe sempre dava três conselhos na mesa: creia em Deus, respeite sua família e seja direito. Isso a gente levou na mala, e penso que carrego até hoje”, contou o engenheiro mecânico.

Schmitt recorta sua linha do tempo e relembra que “fazia de tudo” de 1958 a 65, anotando no currículo experiências como auxiliar de oficina, torneiro mecânico e auxiliar de escritório, antes mesmo de atingir a maioridade. Em 1966 veio uma grande oportunidade: a Marcopolo, então denominada Nicola. Do chamado “chão de fábrica”, ele subiu os degraus da empresa chegando aos cargos de liderança de grupo e de gestão industrial. Detalha com carinho que encabeçou projetos externos na capital gaúcha, em Salvador (BA) e, inclusive, na Venezuela e no Continente Africano.

Em 1976 ingressou na Randoncorp, empresa que ajudou a construir e onde segue até hoje, somando 48 anos de trabalho. Porém, um pouco antes disso, Astor Schmitt revela que teve um encontro, em um aeroporto de São Paulo, tão memorável quanto inesperado, com um dos maiores empresários e personagens da Serra gaúcha: o próprio Raul Randon.

“A vida frequentemente é feita de casuísmos: coisas que a gente não planeja e que vão acontecendo. E aquele encontro fortuito no aeroporto de São Paulo, que nunca esqueço, foi algo totalmente casuístico, mas que veio da relação, da empatia que nós tínhamos. E eu nunca imaginaria que um dia eu iria trabalhar nessa empresa. A vida é feita de casuísmos e volta e meia eles se materializam”, disse.

Com participação cada vez mais expressiva na Randon, integrando o quadro de diretores, salientou o empresário, as décadas de 1970 até 80 foram de grandes expansões da empresa, com fusões e aquisições de empresas menores. No entanto, em meados de 1982, houve uma deterioração do quadro econômico, em razão, segundo ele, da sucumbência do “milagre econômico brasileiro”.

Adiante, em 1984/85, o empreendimento de soluções em transporte passou por recuperação e reestruturação. A partir deste momento, Schmitt comenta que a Randon passou a ter três prioridades: autopeças, montagem de veículos rebocados e início da fase dos JVs – Master 1986. Este movimento teria sido fundamental para sair da crise em que se encontrava. Dos anos 1990 para frente, expansões dentro e fora do Brasil também nortearam os negócios, assim como, na gestão, foram elevadas as práticas e disciplinas de planejamento orçamentário e estratégico, e foco na valorização de stakeholders, clientes, colaboradores e fornecedores.

“Sozinho a gente não faz nada. É o cliente que paga as nossas contas. Sem ele, não somos nada”, sintetizou o conselheiro da Randoncorp.

Aos jovens empresários, e também aos mais experientes, Astor Schmitt separou cinco tópicos, que ele chama de pilares do sucesso, não somente das empresas Randon, mas da comunidade empresarial de Caxias do Sul. Um deles estaria na raiz do próprio munícipio, batizado, no princípio, de Pérola das Colônias. E por que este título? Astor explica:

“Porque os imigrantes, a meu juízo, trouxeram, de forma ampla, principalmente os italianos, um espírito empreendedor, uma educação para o trabalho. Uma educação que, se aparece uma oportunidade, [é dito] ‘vamos tentar tirar vantagem dela?’ “

A lista prossegue com com inovação e tecnologia, boas relações com os clientes, investimento em capital humano e, por fim, a capacidade de união e parcerias.

“Esses exemplos acho que influenciaram muito a nossa vida e, na medida que nós conseguimos manter isso, resgatar isso e aperfeiçoar isso, a gente, sem dúvida nenhuma, tem boas chances de caminhar para frente”, sentenciou Astor Schmitt.

O “nós”, que o empresário se refere, na fala, não é por acaso. Ele pretende seguir na ativa enquanto for impulsionado pela sua inquietude.

“Eu acho que alguém, inquieto como eu sou, jamais se dá por missão completada, e muito menos por totalmente realizada. Sempre tem algum desafio no horizonte. Acho que a vida da gente é um processo de melhora contínua e conquistas contínuas. Eu ainda não pensei em parar”, finalizou.

Astor Schmitt é, também, integrante da Diretoria de Planejamento, Economia e Estatística da CIC Caxias. Casado com Julia Dúnia Tomé Schmitt e pai de dois filhos, ele acumula presença em diversas entidades empresariais e comunitárias. Ao fim da palestra, foi reconhecido com longos aplausos do público.

Assista a coletiva com o empresário após a palestra