Em pleno dia de Santo Antônio e um dia depois do dia dos namorados, a tarde desta terça-feira vai mostrar se o namoro da população com o governo de Daniel Guerra esfriou ou se já é tempo de DR nessa relação que começou apaixonada mas agora enfrenta seus primeiros dissabores.
É que pouco mais de dois meses depois que um ato de apoio ao prefeito reuniu manifestantes exaltados na praça Dante e terminou com sessão de selfies na prefeitura, Guerra enfrenta hoje uma manifestação em defesa das políticas públicas em Caxias no mesmo pátio da prefeitura que o consagrou.
A previsão dos organizadores é que cerca de mil pessoas participem, o que, vamos combinar, não é muito para uma cidade de 500 mil habitantes, mas, se reunir mesmo essa gente, será um indicativo de que há reação ao modelo de confronto adotado pelo governo Guerra, que eu mesmo chamei aqui de governo-em-pé-de-guerra.
Mas, independente do tamanho do protesto, o importante é que a manifestação vai mostrar a insatisfação de uma parcela da população que se sente prejudicada com os problemas na área da saúde, a superlotação do Postão e a promessa não cumprida de abrir a Upa Zona Norte, por exemplo.
Existem outras pautas, com certeza, mas a saúde é fundamental e, por isso, me restrinjo a ela.
É evidente que o prefeito tem apoio popular, e isso não se questiona sobre quem fez 148 mil votos na eleição, mas isso não pode ser uma carta branca para uma opção exclusiva e unilateral que parece identificar o confronto com diversos setores como um caminho viável para impor suas ideias e sua forma de governar.
A verdade é que está na hora do prefeito mudar a tática, e por isso a ideia da manifestação é sensibilizar o prefeito pro diálogo, numa iniciativa que partiu da comissão de negociação dos médicos do SUS em greve há mais ou menos 50 dias, mas deve reunir gente ligada à cultura, ao esporte e aos projetos sociais.
Mas é exatamente porque toca numa ferida aberta que dói principalmente na população que mais precisa da mão do estado pra garantir acesso a saúde e dignidade no atendimento é que a manifestação marcada pra hoje vai ser um termômetro dessa relação entre a população e o governo.
E o que a gente espera, sinceramente, é que, seja com um manifestante, cem participantes ou com mil pessoas, ela possa inspirar a tomada de um caminho mais equilibrado, onde o prefeito mantenha suas convicções, mas onde possa dialogar, ouvir, construir convencimento e – porque não? – também ceder para que todos avancem.