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Dólar fecha a R$ 3,98, na maior cotação desde outubro de 2018

O índice à vista opera em baixa de 0,87%, aos 95.087,77 pontos Foto: Estadão
O índice à vista opera em baixa de 0,87%, aos 95.087,77 pontos Foto: Estadão

O dólar subiu 1,64% nesta quarta-feira, 24, e fechou em R$ 3,9864, o maior nível desde 1.º de outubro do ano passado, quando fechou em R$ 4,02. A valorização reflete a preocupação com fatores domésticos, como a piora na avaliação do presidente Jair Bolsonaro, segundo pesquisa do Ibope, e a tramitação da reforma da Previdência, e o fortalecimento da moeda no exterior.

No mercado de ações, o Ibovespa chegou a cair 1,83% no início da tarde, mas reduziu o ritmo de perdas no fim da sessão, terminando aos 95.045,43 pontos (-0,92%), refletindo, além do mau humor geral, uma realização de lucros, depois de ter avançado na terça-feira, antecipando a aprovação do parecer da Previdência na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. Em Nova York, as Bolsas encerraram em leve baixa, depois dos fechamentos recordes na sessão anterior.

O dólar subiu na comparação com divisas fortes, com o euro caindo às mínimas desde 2017, e principalmente em relação aos países emergentes. Só na Argentina, a alta do dólar foi de 3%, em meio aos temores da volta de Cristina Kirchner ao poder nas eleições presidenciais de outubro.

Aqui, o dólar engatou alta na abertura e chegou a R$ 3,9937 na máxima, no início da tarde, acompanhando o fortalecimento da moeda no exterior, que respondeu a uma série de fatores: indicadores fracos da Alemanha, mudança de direção do Banco Central do Canadá e renovados temores sobre os rumos do Brexit após a imprensa inglesa informar que as negociações entre conservadores e trabalhistas no Parlamento britânico estão próximas de um “colapso”.

Nesse ambiente, o índice DXY, que mede o comportamento do dólar perante uma cesta de moedas fortes, incluindo o euro e o dólar canadense, subiu aos maiores níveis desde junho de 2017. Nos emergentes, pesquisas recentes indicam que Cristina Kirchner pode vencer em vários cenários em eventual segundo turno, o que fez o peso ser a moeda mundial que mais perdeu valor ante o dólar hoje, contaminando outros mercados da região, como a Colômbia.

Na avaliação do operador de câmbio da CM Capital Markets, Thiago Silêncio, o mercado espera que a tramitação da reforma na comissão especial não vai ser fácil, mesmo com a aprovação por larga vantagem na CCJ. Para ele, o mercado externo “azedo” nesta quarta, a pesquisa do Ibope sobre Bolsonaro com o pior desempenho em início do governo na comparação com outros presidentes, o dado fraco do Caged, mostrando fechamento de 43 mil vagas, estimularam um movimento de correção técnica no dólar, que se ampliou à medida que a moeda americana ia ganhando força no exterior.

Fonte: Estadão