Os registros históricos apontam o ano de 1772 como o início do povoamento do distrito de Criúva, o maior em extensão do Município de Caxias do Sul, com área de 459,40 km², equivalente a quase 30% do território total. Conhecido como o lado campeiro da cidade, o distrito teve sua origem na época do tropeirismo e foi inspirado no nome da árvore típica da região. Os primeiros moradores eram índios; depois, portugueses. Seguiram-se, principalmente, poloneses e italianos. O distrito fazia parte do município de São Francisco de Paula até 1954, quando foi anexado à Caxias do Sul.
Além da vasta cultura trazida pelos tropeiros, Criúva é privilegiada por belezas naturais, como matas nativas, rica flora e o maior recurso hídrico potável do município. Tem, dentre seus atrativos, a centenária ponte dos Korff, o parque Palanquinhos e o Memorial Irmãos Bertussi. Também é indicado para trilhas ecológicas, cavalgadas, campings, pesque-pagues e práticas de esportes radicais, pois possui grandes paredões, rios e cascatas.
A região é conhecida por sua pecuária, principalmente para produção de leite, e de corte, que agora começa a ganhar maior representatividade. Também é significativa a expansão das culturas de grãos, como milho, trigo e soja, além de hortifrutigranjeiros. A religiosidade da comunidade se manifesta por diversas festas em diferentes capelas da região, com destaque para a tradicional Festa do Divino.
Para registrar a data, o grupo EcoCriúva, formado por pessoas com vínculos ao distrito, e a Prefeitura, por meio da subprefeitura, promovem um ato simbólico neste sábado (03/12), com início às 11h. Com a presença do prefeito Adiló Didomenico, será descerrada placa comemorativa, na praça central, junto à igreja, para registrar os 250 anos do distrito, seguido de almoço de confraternização, no CTG.
O distrito também é conhecido pela longevidade de parte considerável de sua população. São exemplos as nascidas e, até hoje moradoras de Criúva, Dilecta Eurélia Negrini e Arminda Nunes Martins, mais conhecida por Lossa, nome de batismo em casa, mas que acabou não sendo aceito pelo padre no ato religioso.
Lossa, que nasceu na localidade de São Francisquinho, se prepara para completar 103 anos no próximo 31 de dezembro. Com o dom da benção desde a infância, atualmente vive com familiares em São Jorge da Mulada. Além de seguir como benzedeira, usando sempre a Santa Cruz e o rosário para a cura de dores físicas e emocionais, frequenta a igreja regularmente. “Rezo a Deus todos os dias e busco sempre fazer o bem. Quem faz o bem, recebe o bem”, afirma a senhora, que casou-se uma única vez e teve sete filhos, dos quais seis ainda vivem. Netos e bisnetos também já fazem parte da rotina diária de Lossa.
Antes de instalar-se em São Jorge da Mulada, a família fixou residência na sede de Criúva, em uma casa localizada há 500 metros da igreja. Era assídua nas missas. “Faltava o padre, mas eu não”, brinca a filha de João Nunes Martins e Davina Rodrigues da Silva, também naturais do distrito. Da união dos pais, nasceram sete filhos. Além de Lossa, ainda está vivo o irmão Fredolino Nunes Martins, de 91 anos.
Dilecta Eurélia Negrini completou 100 anos em 17 de outubro passado. Nasceu na localidade da Coxilha do Tigre, onde passou metade da vida ao lado da mãe Estefina Sodoski, de origem polonesa, e do pai Angelo Negrini. É a segunda dos sete filhos, dos quais cinco faleceram. A irmã Luiza, que reside na zona urbana de Caxias do Sul, tem 98 anos. Com a venda da propriedade, onde a família criava animais e plantava culturas diversas para o sustento próprio e para venda a terceiros, Dilecta mudou-se para a sede do distrito, onde reside.
De dois relacionamentos conjugais, nasceram sete filhos, dos quais cinco vivos. Atualmente, já tem oito netos e cinco bisnetos. Sempre ativa até os 90 anos, agora precisa do apoio de andador em razão da fratura do fêmur durante uma queda, quando caminhava pela rua. “Fora isto, ela tem uma excelente saúde. Se não for monitorada, vai para a horta ou para o fogão cozinhar”, relatam a filha Elvira Negrini Gomes, conhecida por Lourdes, e a cuidadora Loire Hoffmann Correa.
Elas recordam que, antes da queda, Dilecta tinha o hábito de visitar os vizinhos, de passear pela sede e de ajudar nas ações da comunidade. Só não abandonou a presença semanal na igreja localizada há poucos metros da residência em que mora. O deslocamento é feito de carro com um dos filhos, Zeferino. “A mãe sempre foi muito religiosa”, reforça a filha.