Na tarde desta terça-feira (21), durante sessão na Câmara de Vereadores de Bento Gonçalves, a Diretora do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Bento Gonçalves (IPURB), Melissa Bertoletti Gauer confirmou a realização de alterações no projeto do Túnel São João. As mudanças, ainda segundo ela, deverão corrigir os problemas apontados pelo Ministério Público em relação ao trânsito de caminhões de cinco, seis e sete eixos.
A pauta, convocada pela Comissão de Infraestrutura, Desenvolvimento e Bem Estar Social da Câmara, era sobre as obras na cidade. O encontro, entretanto, tratou tão somente do Túnel São João, no acesso norte da cidade.
Na oportunidade, a arquiteta falou sobre a história da obra desde a licitação, situação atual e questões polêmicas que envolveram toda construção do túnel. Segundo ela, no início do planejamento, em 2017, a obra não era prioridade do Governo Federal. Porém, para o município, era prioritário.
Com as primeiras licitações do Túnel do São João ainda em 2019, os trabalhos iniciaram em 2020. Posteriormente deveriam estar concluídos em 2021, porém, as obras ainda acontecem. Atualmente, o prazo final é agosto de 2022. Neste período inicial, o Tribunal de Contas do Estado (TCE) orientou à gestão municipal, ainda sob comando de Guilherme Pasin, para que reduzisse o montante orçado do projeto.
Caminhões de grande porte e trafegabilidade no Túnel São João
Um dos principais focos da fala da chefe do IPURB foi em relação a trafegabilidade de caminhões, em específico os de cinco a sete eixos. A pista não teria largura suficiente para manobra dos veículos e poderia assim aumentar a probabilidade de acidentes. Esta situação inclusive gerou um abaixo-assinado de diversas empresas da cidade. As companhias chegaram inclusive a procurar o Ministério Público após um laudo contratado por eles expor que a inclinação da via poderia causar um aumento na possibilidade de acidentes. E, dentro de um inquérito aberto em 2021, recentemente o órgão deu um prazo para que o IPURB apresentasse alterações no projeto. Aparentemente, a obra original “não atende às necessidades do local, pois não comporta todas as tipologias de veículos” que trafegam na região.
Segundo Melissa, carretas bitrem de nove e dez eixos de fato não conseguirão utilizar do túnel pois não estão contemplados no projeto. Já as de cinco a sete terão seus problemas resolvidos mediante às mudanças empregadas. Os veículos maiores ficaram de fora, ainda conforme a diretora do IPURB, por conta de que só podem circular pela BR com uma autorização especial do DNIT, reduzindo assim o número de bitrens que acabam passando pelo trecho onde o túnel está situado. Os números apresentados pelo IPURB na Câmara de Vereadores mostram um tráfego de 80 mil veículos leves por dia no local.
Mudanças foram feitas
No dia 11 de junho, o IPURB informou ao MP que já foram realizadas algumas alterações no projeto original, mesmo sem a concordância do projetista. Alargando as alças de entrada e saída para o túnel, e que essas modificações permitiriam o trânsito regular de ônibus rodoviários e caminhões alongados e adaptados. Para os técnicos do instituto, os únicos veículos que não passam pelo local, de forma alguma, nem mesmo com o retorno, são os bitrem acima de 21 metros de comprimento.
As mudanças em questão são o alargamento das alças na entrada e saída para o Túnel com a retirada de um canteiro que será substituído por sinalização horizontal na via. Na oportunidade, a Galmarc, empresa projetista, posicionou-se contra as mudanças feitas pelo IPURB no projeto. O alargamento das alças, conforme a companhia, faria com que os veículos menores tivessem tendência de circular de forma paralela às carretas e caminhões e poderiam não ser vistos durante uma manobra, elevando o risco de acidentes.
Para solucionar o possível problema, o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano deverá empregar sinalização em que o acesso será reduzido para uma pista. O Túnel terá então redução de duas para uma única faixa nas alças, possibilitando a manobra e mitigando o trafego paralelo de veículos leves.
Cifras e prazo
Conforme Melissa falou na bancada da Câmara, o projeto teve um financiamento via FINISA aprovado pelos Vereadores. O valor do Túnel, à época, estava em R$12 milhões. Quando a primeira licitação foi lançada, o Tribunal de Contas do Estado orientou para que o valor fosse reduzido. Diante desta situação, o orçamento foi levado à casa dos R$11.296.000. A situação repetiu-se até chegar em R$8 milhões e ter uma licitação deserta. Ante ao cenário, o valor foi a R$10 milhões e, por fim, a empresa vencedora firmou acordo por R$9,5 milhões.
Já em 2020, em meio a pandemia, a empresa pôde iniciar as obras no mês de setembro. De lá até o início de 2022, o Consórcio Túnel São João já recebeu reequilíbrios, aditivos e um reajuste. Estes geraram um encarecimento de 42% à obra. Dos originais R$9,5 milhões até os atuais R$13,6 milhões.
A entrega do túnel deve, segundo as expectativas do IPURB, acontecer no dia 11 de agosto, prazo final dado no mês de maio.