Política

Deputado estadual Tiago Simon comenta privatizações no RS

Tiago Simon em entrevista à Jovem Pan Grande Porto Alegre | Foto: Jovem Pan
Tiago Simon em entrevista à Jovem Pan Grande Porto Alegre | Foto: Jovem Pan
A Jovem Pan Grande Porto Alegre recebeu na tarde desta segunda-feira (23) o deputado estadual Tiago Simon (PMDB), filho do ex-senador Pedro Simon. Confira alguns destaques da entrevista concedida ao jornalista Fabiano Brasil:

O senhor é a favor ou contra as privatizações que o governo vem tentando aprovar na Assembleia Legislativa?

O Brasil começa a superar uma fase em que a questão do tamanho do Estado era um debate eminentemente ideológico. Nós tivemos um processo a nível nacional em que vimos que, mesmo sendo administradas pelo Estado, empresas públicas sofreram talvez o maior processo de destruição da história do nosso país. Vide a Petrobras e o BNDES, que foram praticamente delapidados. Então, primeiro ponto: o Estado tem que diminuir. Segundo ponto: me parece óbvio que a iniciativa privada tem mais eficiência e o Estado vem mostrando que não tem condições de gerir uma empresa com toda a complexidade que tem, como Correios e Eletrobras. No Rio Grande do Sul, nós temos alguns casos de algumas fundações. Essas fundações cumpriram um papel importante. Eu vou dar o exemplo da CORAG. A CORAG foi uma empresa que fabricava papel para, essencialmente, fazer o Diário Oficial, isso há 30 anos. Hoje praticamente o Diário Oficial é todo online, então não teria sentido você ter uma estrutura pública que custa muito mais cara para fazer um Diário Oficial de papel. Historicamente o papel dessa instituição já se cumpriu. Não teria mais sentido ter uma estrutura pública dessas, por isso se privatizou a CORAG. Outro aspecto importante é a CESA, uma empresa que também tinha um passivo enorme e foi criada para fazer o gerenciamento da armazenagem de grãos do Rio Grande do Sul. Hoje essa empresa não representava 1% do total de armazenamento de grãos do Estado. Não teria sentido você continuar com uma estrutura, então se privatizou a CESA. No caso da CEEE, ela é uma empresa importante, tem indicadores de atendimento aos usuários, de religação de luz, a tarifa social dela é muito baixa, é uma empresa que cumpre um papel importante. No entanto, ela vem apresentando uma gestão muito precária. Para ter uma ideia, ela tem um custo de 200 milhões de reais por ano com indenizações trabalhistas. Me parece, então, que é necessário um debate profundo, porque nós também não podemos fixar na mão apenas das concessionárias privadas. Você vê por exemplo a RGE. Recentemente nós tivemos no Vale do Caí uma tempestade e vários municípios ficaram 60 horas sem luz, ou seja, não adianta você privatizar e ficar com o serviço precário. Você tem que ter uma regulação, agências reguladoras que cumpram seu papel. Porque o foco central dessa questão deve ser o atendimento ao usuário. O usuário deve ter um atendimento com qualidade e ao melhor preço. E isso deve balizar um processo de privatização.

Como é ser familiar de Pedro Simon, que por tantos anos representou o RS no Senado? Existe alguma pressão?

Sem dúvida. Existe uma pressão saudável, no sentido de fazer o melhor. E esse fazer o melhor essencialmente não é fazer o melhor para a opinião pública. Obviamente que isso é uma consequência. É você fazer o melhor naquilo que corresponde ao exemplo de vida e ao exemplo de homem público que o senador Pedro Simon sempre representou nos seus 58 anos de vida pública. O senador Pedro Simon foi o parlamentar com maior longevidade em termos de mandatos ininterruptos, ou seja, foi o homem público que durante mais tempo recebeu a confiança do povo brasileiro. E ele sempre representou essa confiança com muita dignidade, lutando com muita força pelos ideais e, mais do que isso, sempre foi uma das pessoas que mais lutou contra a corrupção nesse país. Ele enfrentou de frente no Senado os maiores coronéis que representam a velha política: o Antônio Carlos Magalhães, quandro fraudou o painel do Senado e foi cassado por causa disso; o Jader Barbalho, que na época era presidente do Senado, teve os financiamentos da SUDAM e foi cassado; o Renan Calheiros, quando teve os financiamentos daquela empreiteira da sua amante e teve que renunciar à presidência do Senado. Eu quero dizer com isso que é, sim, uma responsabilidade, mas ao mesmo tempo é uma realização você poder continuar. Não só eu, mas um grande número de homens públicos se espelham na luta política do senador Pedro Simon, para realmente criar um Brasil decente.

Ele puxa orelha de vez em quando, dá alguma dica?

O senador Pedro Simon é muito participativo. Ele está com 87 anos e terminou há dois anos e meio seu mandato no Senado. E continua muito ativo, dando palestras em todo Brasil. Continua com um discernimento e uma visão política do momento que nós vivemos muito aguçada. Certamente me puxa as orelhas, me aconselha, aponta caminhos. Ele realmente é um exemplo vivo, um modelo de como fazer política com dignidade.

A entrevista completa, em vídeo, pode ser acessada na página da Jovem Pan Grande Porto Alegre no Facebook, através do link https://www.facebook.com/jovempan907/videos/1500048556716847/.

Colaboração: Andreas Weber/Jovem Pan Grande POA FM 90,7