Caxias do Sul - O Sindicato dos Trabalhadores da Limpeza e Conservação (Sindilimp) de Caxias do Sul recebeu, nesta quinta-feira (2), uma denúncia de que as servidoras responsáveis pela higienização e merenda da Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Jardelino Ramos, no bairro Presidente Vargas, eram proibidas de realizar suas refeições no refeitório da instituição, o mesmo espaço usado por alunos. Dessa forma, elas estariam sendo obrigadas a comer no mesmo depósito em que são armazenados produtos de limpeza.
Diante do caso, o sindicato acionou a Companhia de Desenvolvimento de Caxias do Sul (Codeca), responsável pelas das servidoras, e também a Secretaria Municipal de Educação (SMED). A Codeca é contratada pela SMED para executar serviços de higienização e de alimentação nas escolas da rede municipal.
Uma auxiliar de limpeza, que preferiu não se identificar, contou à reportagem que a denúncia partiu de trabalhadoras “volantes”, e não das funcionárias fixas da escola. Ela afirma que a restrição ocorre desde 2023, quando houve mudança na direção, e relatou que a gestora chegou a dizer que elas “não estavam sendo pagas para isso [usar o refeitório]”.
A trabalhadora acrescenta que, em gestões anteriores, não havia restrição quanto ao uso do espaço pelas auxiliares de limpeza e pelas merendeiras. Ela também afirma que a SMED já foi informada sobre as reclamações, mas que nenhuma medida foi tomada até o momento.
Segundo o presidente do Sindilimp, Henrique Silva, a denúncia surpreendeu a entidade, já que o sindicato realiza reuniões periódicas com a categoria e até então não havia recebido relatos desse tipo.
“Temos um trabalho direcionado às escolas e geralmente o convívio entre os trabalhadores e a direção é sempre muito próximo. Me chama a atenção essa diretora proibir que eles possam estar usando um local coletivo, que tanto as merendeiras como as crianças usam para alimentação”, afirmou.
Uma auxiliar de limpeza afirma que as funcionárias nunca haviam denunciado a situação por medo.
“Já faz quatro, cinco anos que trabalhamos nesta escola. Ela pega no pé das crianças. E, daí, a gente também achou que se fizesse alguma denúncia, ela ia prejudicar até as crianças na escola”, uma funcionária relatou à reportagem.
O que diz a Codeca
Em nota, a companhia afirmou que esteve na escola na manhã desta quinta-feira para conferir a denúncia, uma vez que, assim como o Sindilimp, também não recebeu nenhum relato acerca da situação.
“Ao conferir o espaço ficou comprovado que não é adequado. Por isso, a SMED foi notificada pela Codeca e foi aberta uma sindicância para apurar o fato”, afirma.
Enquanto a situação era averiguada, a SMED providenciou um novo espaço para as refeições das funcionárias. O local foi inspecionado e aprovado pela Codeca como apto ser utilizado a partir desta sexta-feira (3). A companhia afirmou que trata-se de um caso isolado e que as questões de ergonomia estão sendo revisadas em todos os prédios escolares, já com cronograma de ações em desenvolvimento.
Fontes indicam que a determinação da criação de um novo espaço para as funcionárias realizarem as refeições teria sido feita pela atual gestão da escola, ao invés de utilizarem o próprio refeitório.
O que diz a SMED
Também em nota, a Secretaria Municipal de Educação declarou que realizou uma inspeção na EMEF Jardelino Ramos nesta quinta assim que soube da situação, que o novo local para refeições foi designado imediatamente e que todas as medidas cabíveis serão tomadas.
Além disso, afirmou que vai apurar as circunstâncias e que não houve a confirmação do motivo pelo qual as funcionárias eram orientadas a fazer refeições fora do refeitório da instituição.