A estatística da violência contra a mulher segundo dados comparativos 2016/2017 se manteve próximo aos 1.400 casos anuais. Conforme a delegada da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) Deise Salton Brancher Rushel, as campanhas de estímulo às mulheres para fazerem registro, colaboram para estes os números mas, é preciso diminuir a incidência de violência.
Os dados são fruto de uma compilação dos registros feitos na Deam e na Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA). Os fatos que se dão durante o dia, de segunda a sexta-feira, são registrados na Deam. As ocorrências da noite, aos finais de semana e feriados são realizados na DPPA sendo encaminhados para a Deam.
Em 2017, foram registrados na Deam 647 boletins de ocorrência envolvendo algum tipo de violência contra a mulher e 730 DPPA. Neste último quantitativo está incluso pessoas que residem em outras cidades que registram Boletim em Bento Gonçalves por estarem aqui, no momento dos fatos.
Há a percepção de que o maior volume de violência se dá à noite, aos finais de semana e feriados, período em que as mulheres não estão no seu local de trabalho ou fora de casa, estimulando o contato com o agressor.
Dos 1377 casos registrados em 2017 foram gerados 960 inquéritos ou procedimentos. Conforme a titular da Deam, o tipo de ocorrência motiva ou não a abertura de procedimento. “Os casos de perda de documentos, abandono de lar e outros, não motivam a abertura de inquérito ou procedimento, afirma a delegada.”
Atualmente, além da titular, atuam três agentes. A delegada destaca que há a necessidade de mais agentes na Deam para atender a demanda nas funções de escrivão e inspetor o que facilitaria a oitiva de pessoas e investigação. “O ideal seria se tivéssemos mais três agentes para ter um trabalho mais adequado à demanda, enfatiza”.
Além dos casos de violência contra a mulher, violência sexual contra mulher, desde abril de 2018, a Deam passou a atender todos os casos de crianças e adolescentes que são vítimas de algum tipo de violência, o que reforça a necessidade de mais servidores.
A delegada ressalta a importância de se ter uma delegacia especializada de atendimento à mulher, que acaba beneficiando também os homens. “A existência de uma estrutura adequada permite que a mulher não se exponha no momento do registro e nem mesmo os homens, o que é comum onde não há este tipo de atendimento especializado”
A Polícia Civil de Bento Gonçalves possui um Núcleo de Policiamento Comunitário, que desenvolve atividades preventivas através de diversos projetos, como Grupo de Empoderamento das Mulheres e um grupo que atende os agressores promovendo encontros para escuta e orientação, tendo a participação da Polícia Civil, representantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), psicólogos e outros profissionais que promovem o despertar de consciência do agressor para uma nova atitude perante a mulher.