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Delatores indicam R$ 500 milhões em propina e dólares a Lula e Dilma

Delatores indicam R$ 500 milhões em propina e dólares a Lula e Dilma
Joesley disse em delação que propina chegou aos R$ 500 milhões nas eleições de 2014 (Foto: reprodução)

O empresário Joesley Batista, um dos donos da JBS, confirmou em sua delação premiada que a empresa usou doações oficiais para pagar propina a políticos que deram contrapartidas para beneficiar a empresa. Em depoimento à Procuradoria-Geral da República (PGR), o empresário explicou como funcionava o esquema de compra de políticos e confirmou que foram repassados recentemente cerca de R$ 500 milhões para agentes públicos.

Joesley estimou que a empresa fez doação oficial de cerca de R$ 400 milhões em troca de contrapartidas e mais R$ 100 milhões por meio de moeda em espécie e notas fiscais falsas. Aos procuradores, Joesley afirmou que a maioria das doações oficiais feitas pela JBS era propina disfarçada por contrapartidas recebidas.

“Tem pagamento via oficial, caixa 1, via campanha, tem via caixa 2, tem dinheiro em espécie. Essa era a forma de pagar. Acontece o seguinte: combina-se o ilícito, o fato lá de corrupção com o político, com o dirigente do Poder Público, e daí para frente se procede o pagamento”.

Os pagamentos realizados beneficiariam também os ex-presidentes petistas, segundo o delator, com a transferência de US$ 70 milhões para o ex-presidente Lula em contas no exterior e US$ 80 milhões para a ex-presidente Dilma Rousseff, ambos do PT.

Em outra delação já homologada pelo STF, o diretor de Relações Institucionais e Governo da J&F, Ricardo Saud, confirmou que a controladora do grupo JBS destinou mais de R$ 500 milhões para ajudar a eleger governadores, deputados estaduais, federais e senadores de todo o país. Ele entregou um levantamento detalhado em que aponta todos os candidatos financiados pela empresa.

O total em dinheiro repassado por meio de “pagamentos dissimulados”, segundo ele, alimentou as campanhas de 1.829 candidatos. Destes, 179 se elegeram deputados estaduais em 23 unidades da federação e 167, deputados federais por 19 partidos.

O delator não deixa claro quais pagamentos foram feitos via caixa 2 e quais foram doações oficiais. No depoimento, divulgado após a retirada do sigilo da delação, ele dá a entender que os valores citados se referem apenas às campanhas de 2014.

Doamos propina a 28 partidos”, contou Saud, admitindo que os mais de R$ 500 milhões destinados a agentes públicos para as eleições de 2014 formavam um “reservatório de boa vontade”. “Era para que eles não atrapalhassem a gente”, afirmou.

O delator cita ainda que foram distribuídas “propina para 16 governadores eleitos e para 28 candidatos ao Senado que disputavam a eleição, a reeleição ou a eleição para governador”, acrescentou. Segundo ele, os governadores eleitos pertenciam ao PMDB (4), PSDB (4), PT (3), PSB (3), PP (1) e PSD (1).

Ao entregar a documentação aos procuradores, Saud enfatizou a importância do “estudo” que fez por sua própria conta. “Acho que, no futuro, isso aqui vai servir. Aqui estão todas as pessoas que direta ou indiretamente receberam propina da gente.” Os documentos liberados pelo STF não trazem a lista de todos os nomes que fariam parte deste levantamento aponta por Saud.