O governo central registrou em novembro déficit primário de R$ 39,4 bilhões, segundo relatório divulgado pelo Tesouro Nacional. No período, as contas do Banco Central (BC) e do Tesouro Nacional apresentaram resultado negativo de R$ 19,8 bilhões, e a Previdência Social, déficit de R$ 19,6 bilhões. Entre janeiro e novembro, o déficit atingiu R$ 114,6 bilhões.
Em valores nominais (sem corrigir pela inflação), as contas do governo central tiverem o pior resultado para o mês desde o início da série, iniciada em 1997. Em termos reais (com correção pela inflação), trata-se do segundo pior resultado, ganhando apenas do déficit de R$ 54,14 bi de novembro de 2016.
O déficit nominal acumulado no ano é o maior da série, excluindo as despesas com a pandemia de covid em 2020, que ficou em R$ R$ 699 bilhões. Em termos reais, no entanto, é o quinto menos pior.
O déficit no mês, no entanto, veio ligeiramente pior do que o esperado pelo mercado. A Guide Investimento previa déficit de R$ 38 bilhões. Já a Warren Investimentos esperava um rombo de R$ 39,9 bi.
O resultado negativo recorde aconteceu principalmente em função dos pagamentos extraordinários de quase R$ 20 bilhões para estados e municípios, decorrentes da Lei Complementar 201, que trata das compensações devidas pela União a esses entes.
De acordo com o relatório, enquanto a receita cresceu 4,2% no mês passado, as despesas tiveram aumento de 20%, com aumento dos gastos com a máquina pública.
Entre janeiro e novembro, houve queda na arrecadação de 2,8%, o equivalente a quase R$ 50 bilhões, enquanto o gasto total subiu R$ 119,3 bilhões, puxado principalmente pelo pagamento de benefícios previdenciários.
Apesar disso, o Tesouro Nacional estima que o governo central deve fechar o ano com déficit primário de R$ 125 bilhões. O resultado está abaixo do rombo projetado no último relatório de avaliação de receitas e despesas, de R$ 177,4 bilhões e na lei orçamentária, de R$ 228 bilhões.
Compensação aos Estados
O Tesouro Nacional foi obrigado a compensar os estados e municípios, após esses recorrerem ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra uma medida tomada no governo Bolsonaro, e aprovada no Congresso, para reduzir as alíquotas de ICMS.
As perdas ocorreram pelo teto de 17% na alíquota desse imposto sobre os combustíveis. Como o ICMS é um tributo estadual, os estados alegaram que houve perdas bilionárias de receitas e que tiveram a autonomia invadida pelo Congresso Nacional.
Já no governo Lula, um acordo foi feito entre União e estados, homologado pelo Supremo em junho, prevendo pagamento total de R$ 27,5 bilhões. A quitação poderia ser feita em até três anos, mas houve redução do prazo após apelo dos estados e, principalmente, dos municípios.
A redução do ICMS para os combustíveis foi uma das prioridades do então presidente Jair Bolsonaro (PL) no ano passado. Havia casos de alíquotas de 34% sobre os setores de combustíveis, energia, telecomunicações e transporte coletivo. Com o limite de 17%, a expectativa era que isso desse um alívio na inflação às vésperas da eleição e puxasse votos.
Fonte: O Sul