Opinião

De repente, a situação fiscal

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O aumento da aprovação do governo Bolsonaro divulgado pelo Datafolha causou diversas reações em Brasília. A mais emblemática foi a de Rodrigo Maia. Toda declaração do presidente da Câmara é tratada pela imprensa como se fosse a mais sensata fala de um estadista . Entretanto, o senado colocou a prova o discurso mole do Botafogo.

Embora seja difícil crer nas pesquisas de um instituto que a margem de erro fica sempre à esquerda, o ganho de popularidade de Bolsonaro surpreendeu os políticos. Principalmente, porque a melhora da aprovação veio do nordeste e do nordestino pobre. A indignação foi tanta que um jornalista de uma grande emissora fez alusão a um bordão de uma campanha de Bill Clinton. O jornalista trocou a palavra economia pela palavra pobre e disse: é o pobre, estúpido. Tão logo acusaram-no de chamar o pobre de estúpido, as agências da verdade vieram em seu socorro. Ele fez, sim, alusão à frase do político americano, mas aproveitou o sentido ambígüo para atingir os pobres, e quem sabe expressar seu verdadeiro sentimento a melhor aceitação do nordestino ao governo Bolsonaro.

Diversas obras de infraestrutura foram entregues no nordeste. A principal delas a transposição do Rio São Francisco. Por isso, o aumento da popularidade de Bolsonaro não é motivado apenas pelo auxílio emergencial. Mesmo assim, o governo já vinha ventilando a manutenção do auxílio emergencial por mais alguns meses, com parcelas reduzidas. Os políticos vinham apoiando as medidas para manter a renda dos mais pobres. No entanto, com a divulgação desses números, de repente, a situação fiscal virou preocupação no Congresso. Maia declarou que deputados e senadores têm responsabilidade e que a situação fiscal deve ser considerada. Repito: responsabilidade.

Sabemos que no Brasil a política é um teatro, um jogo de faz de conta. Eu finjo que me importo com a situação fiscal e você finge que faz alguma coisa. Porém, o que queremos realmente é manter nosso poder. Assim, a declaração do Botafogo foi dada na terça, 18 de agosto. Na quarta, o senado derrubou o veto que impedia o aumento aos servidores públicos até dezembro de 2021. O impacto nas contas poderia chegar a R$120 bilhões. Quanta responsabilidade. Para sorte dos brasileiros, na quinta, o governo reverteu a derrubada do veto na Câmara e salvou as contas do país. Caso o reajuste dos funcionários públicos fosse permitido, todo esforço para enfrentar os efeitos das quarentenas seria jogado fora. Governadores e prefeitos estariam com cofres irrigados de dinheiro federal e liberados para atender os desejos do funcionalismo em ano eleitoral.

Toda essa discussão levantada sobre o veto do aumento dos servidores é a prova que o Brasil é dominado por uma elite. Uma parte dela vive em Brasília enquanto a outra está espalhada pelo Brasil, ambas têm estabilidade e recebem belas bonificações. Não obstante, é nítido o esforço da equipe econômica para resolver a situação fiscal do país e fomentar um crescimento sólido de longo prazo. Mas parece que aqueles que deveriam trabalhar dia e noite para que o desenvolvimento do país se torne realidade não tem interesse algum neste avanço. Ademais, não temos conhecimento de nenhum corte de pessoal ou gasto feito pelo judiciário, legislativo ou executivo.

A única coisa certa é que o país andará em círculos com esse estado gigante. Os gastos com o funcionalismo e a burocracia estatal são cada vez maiores. Não há lei de teto de gastos nem economista no mundo que resolva a situação sem que os interesses econômicos das classes que sugam 95% da população sejam substituídos por um sentimento de amor à pátria. O problema não é fiscal, é moral.