Bento Gonçalves

De Colônia Dona Isabel a Bento Gonçalves, Capital do Vinho completa 132 anos de emancipação política

Com o 'Acto' 474, de 1890, assinado por Cândido Costa, o município surgiu

Bento Gonçalves não sofreu prejuízos pela estiagem
(Foto: Arquivo Leouve)

Neste dia 11 de outubro, há 132 anos, Bento Gonçalves tornou-se uma cidade. Com o ‘Acto’ 474, de 1890, assinado por Cândido Costa, o município surgiu. De um local onde existia um pequeno comércio no qual tropeiros faziam paradas para descanso, até ser sede de empresas multinacionais e destino turístico mundial, a Capital do Vinho transformou-se diversas vezes e até o nome mudou nestes mais de cem anos. Já foi chamada de Região da Cruzinha e Colônia Dona Isabel. Todavia, uma característica se mantém ao longo dos séculos: muitos dos que visitam o município se encantam e decidem viver em Bento.

O pesquisador, escritor e jornalista, Ademir Antônio Bacca, ressalta a história de Bento Gonçalves e seu caminho trilhado junto aos imigrantes italianos do século XIX. Ao Portal Leouve, ele destacou que a então Colônia Dona Isabel foi a primeira criada pelo governo do estado do Rio Grande do Sul para dar início à imigração italiana para região.

“Se pode notar que aquele projeto inicial se transformou em uma cidade de tamanho ímpar em relação ao que se projetava. Bento Gonçalves passou de colônia para cidade em questão de poucos anos. De lá para cá tem experimentado um avanço industrial e em todas as áreas pouco vistas na nossa região” analisa.

Segundo a história disponível no site da cidade, a troca, compra e venda de produtos era feita na sede da colônia, após longas caminhadas por estreitas picadas (trilhas abertas no meio da mata) demarcadas pelos próprios imigrantes. Entre eles haviam ferreiros, sapateiros, marceneiros, alfaiates, carpinteiros, entre outros profissionais que estabeleceram seus negócios dentro de suas especialidades, atendendo às necessidades locais.

O surgimento das construções das casas, dos instrumentos de trabalho e o mercado foram acompanhando o desenvolvimento da Colônia Dona Isabel e também as exigências que se apresentavam. Frente ao desenvolvimento, as condições das estradas foram melhorando e surgiram as primeiras carretas. Em cinco anos houve um acréscimo de quatro mil habitantes, entre nascimentos e novos imigrantes.

Imagem: Museu do Imigrante

Oportunidade de emprego e crescimento é uma característica que atravessa os anos

As oportunidades de trabalho e crescimento foram grandes motivadores que atravessaram os anos. Desde os primeiros imigrantes italianos que receberam lotes do governo do Rio Grande do Sul até as pessoas que chegaram em Bento em 2022.

O constante crescimento em diversos setores acabou criando um local que atrai milhares de pessoas. Trabalhadores de todo o Brasil buscaram na Capital do Vinho uma oportunidade. Inclusive, não é incomum ver pessoas de outros países que também chegaram em Bento em busca de um futuro melhor.

Os imigrantes que vieram a primeira vez, vieram em busca de terra para produzir. Os migrantes que vêm hoje, vêm em busca de trabalho, em busca de condições que não existem em sua cidade de origem. E por ser uma cidade que tem um potencial econômico muito forte, indústria em ascensão, há vagas de emprego, então repete-se em parte, o que aconteceu da última no último quarto do século XIX. (…) chegando ao potencial que Bento Gonçalves é hoje. Dentro do cenário nacional, principalmente a área turística, produção de vinhos, imóveis, essa coisa toda levou o nome de Bento Gonçalves para fora das nossas fronteiras.

Bento Gonçalves atrai diversas pessoas para fixarem residência

Proporcionalmente ao crescimento de Bento Gonçalves a necessidade de aumentar a segurança também expande. Em 2015 quando a então RST-470 foi federalizada e passou a ser uma BR, a cidade ganhou uma delegacia da Polícia Rodoviária Federal. Para atuar neste trecho da rodovia agentes dos quatro cantos do país foram enviados. Rapidamente a vida em Bento Gonçalves cativou muitos. O chefe da delegacia, Leandro Portes, natural de São Paulo, chegou há cerca de dois anos, e desde então não se vê deixando o município.

A Capital do Vinho encantou o agente não apenas pelas belezas naturais do Vale dos Vinhedos, mas pelo povo que mostra as dificuldades que os antepassados tiveram e a necessidade de seguir vencendo os desafios diários. “O que mais chama a atenção, além da beleza natural que tem o local, é a característica forte que tem das pessoas. Elas falam com orgulho dos seus antepassados. Como que eles conquistaram as coisas, as dificuldades que tiveram quando chegaram. Vemos que eles têm orgulho de falar isso e isso é algo que chama muito a atenção. E eu quero isso para meus filhos” conta.

Portes destaca que pretende encerrar a carreira em Bento Gonçalves e que as próximas gerações da família também tenham raízes na cidade. “Aqui é um local que eu escolhi para ficar. Então pretendo seguir minha carreira, finalizar aqui. E como disse, os próximos Portes que vierem, espero que permaneçam em Bento” projeta o policial.

Bento Gonçalves e um futuro otimista

Ademir Bacca também analisa positivamente Bento Gonçalves como uma cidade para viver, não apenas para trabalhar. Ao mesmo tempo que a indústria e outros setores crescem, a educação e outros fatores acompanham com bons índices. Mesmo contente com o presente, Bacca prevê um bom futuro para Capital do Vinho. Segundo ele, a cidade está a caminho de tornar-se uma referência, principalmente no turismo.

A projeção não está distante, uma vez que desde 2008 o Vale dos Vinhedos é o principal destino enoturístico do Brasil e anualmente atrai cada vez mais visitantes. Tamanha é a força deste setor de negócios na cidade que em 2021, durante toda incerteza e instabilidade da pandemia, apenas em Bento Gonçalves foram movimentados mais de R$1,2 bilhão.

Feliz aniversário, Bento Gonçalves