Bento Gonçalves

Da indústria ao consumidor final, todos sentem o reflexo da greve

Da indústria ao consumidor final, todos sentem o reflexo da greve
Continuidade da greve amplia crise (Fotos: arquivo)

Os efeitos da greve dos caminhoneiros estão sendo sentidos em vários segmentos da cadeia produtiva e atinge em cheio o consumidor final.

Levantamento realizado nesta terça-feira, 29, em indústrias frigorificas, supermercados e vinícolas, mostra um cenário de diminuição das atividades ou paralisação parcial ou total.

desabastecimento se amplia nos supermercados

No setor supermercadista o segmento de perecíveis, hortifrúti, carnes e embutidos é o mais atingido. Em alguns casos nem mesmo os resíduos dos açougues estão tendo destinação por falta de carregamento.

O que mais preocupa é que a falta de alguns produtos além de acabar com a opção de consumo remete à compra de produtos secos que não sustentam o giro dos estabelecimentos além de remeter os consumidores a uma peregrinação em outros locais na tentativa de encontrar o que desejam comprar.

Conforme o gerente da rede de Supermercado Nichetti, em Bento Gonçalves, Leandro Quadro, já está havendo a liberação de funcionários de alguns setores e a possibilidade de fechamento temporário.

“Com a falta de reposição de mercadorias de giro estimamos que se não mudar o cenário, em 10 dias teremos de fechar temporariamente, finalizou”.

Indústria paralisa produção (Foto: divulgação)

Já a indústria frigorífica está com a produção acumulada, está liberando funcionários ou atuam com horário reduzido. Falta caminhões para fazer a coleta e, ao mesmo tempo, não há ingresso de animais para abate. Na outra ponta deste setor, há dificuldades para a alimentação dos animais por dificuldade dos insumos como ração e outros.

Numa das indústrias de abate de frango em Garibaldi com uma produção diária de 250 mil cabeças a empresa aguarda o desdobramento da greve para tomar outras decisões. Enquanto isso funcionários reforçam a manutenção para que máquinas e equipamentos estejam prontas para intensificar a produção.

Na indústria vinícola o problema reside na falta de garrafas para envase e gás para o funcionamento das empilhadeiras. Com uma produção de 40 mil caixas/dia em seis linhas de produção a Vinícola Aurora vai dispensar os colaboradores a partir desta quarta-feira, 30, retornando somente na segunda-feira, declarou Rodrigo Valério gerente de marketing da empresa. “Primamos pela qualidade e não podemos correr o risco de comprometer a qualidade do produto por falta de garrafas para o envase.”

Vinícolas param produção (Foto: Ibravin)

Já o presidente do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), Oscar Ló, declara que o setor vive um cenário semelhante, com a falta de produto para envase e sem logística.

“A comercialização parou antes do agravamento do reflexo da greve e várias vinícolas estão interrompendo a produção nesta semana voltando na segunda ou terça-feira. Este quadro ainda não afeta a exportação porque a demanda é programada. Sobre as ações do dia do vinho, a programação está mantida o que pode haver é uma diminuição na frequência de público, arrematou.”