O Instituto de Pesquisas Econômicas e Sociais (IPES) da Universidade de Caxias do Sul divulga todos os meses a variação da Cesta Básica e do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) em Caxias do Sul. Os novos dados apontados são referentes ao mês de Julho de 2021, que mostra uma alta de 0,16% em relação ao mês anterior, o que revela que o custo da cesta básica no município está em R$ 1.019,17.
O maior aumento de preço no mês foi verificado no preço do gás de bujão com elevação de 10,13%. No mês de Julho, observou-se que, dos 47 produtos que compõem a Cesta, 21 aumentaram de preço. Os cinco produtos que mais contribuíram positivamente e os cinco que mais contribuíram de forma negativa para a variação do custo da Cesta encontram-se listados na tabela abaixo:
Por ordem de contribuição positiva, entre Junho e Julho a variação nos preços foi percebida nos seguintes itens: o gás de bujão com 10,13%; o xampu com 7,68%, o salsichão com 4,21%, o alface com 3,64%, e o óleo de soja com 3,45%. Os produtos destaques na redução de preços são: a maçã nacional, o mamão, o tomate, a laranja, e o pão de forma.
Conforme o professor pesquisador, Mosár Leandro Ness, a cesta básica na maior cidade da serra gáucha é diferenciada e constuma ter mais itens, “Os salários não aumentaram, então nota que a nossa cesta básica, ela está na ordem, R$1.019, quase um salário minimo, R$1.100. Claro que a nossa cesta básica aqui em Caxias, ela é um pouco diferenciada das outras que a gente contabiliza, porque a gente tem produtos típicos da nossa região, salame, agnolini. O importante é que a gente acompanha a variação dos preços e essa foi forte devido a esses fatores”.
Segundo Ness, os custos de itens básicos sofreu um impacto muito forte pela inflação “Os nossos preços domésticos estavam muito baratos, o arroz, a carne, baratos em termos internacionais. Então abriu o mercado para gente exportar esses produtos, de carne bovina, suínos, cereais, então isso ai tudo foi exportado, então isso ai causou uma inflação de oferta na ponta da gondôla do supermercado, o arroz foi bater quase R$ 40″, fala.
Recentemente foi divulgada uma pesquisa sobre o consumo de carne dos brasileiros. Os índices apontam o menor em 12 anos. Os dados são da Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes). Mesmo o país sendo o maior vendedor de carne bovina do globo, na mesa o que predomina hoje é o frango e o ovo, que teve um salto de 9% em 2020.
O mesmo avalia o professor, comparando os custos levantandos pela última pesquisa nos supermercados da região, “A inflação ela sobe em camadas, então tivemos essa elevação em camadas, ao longo do ano passado e principalmente nesse ano. Agora nesse ano nós estamos percebendo o seguinte, o consumo de carne é o menor nesses 12 anos, porque ela tá muito cara. Nós temos 1kg de coxão mole, aproximadamente estava sendo vendida ai a R$ 49,90, aproximadamente U$10, um quilo de carne, muito caro”.
O padrão de consumo também foi afetado pela pandemia, pois as mesmas permaneceram mais em suas casas, realizando o trabalho em home-office, como ressalta o pesquisador “Veio a pandemia, nós tivemos aquela parada, houve também uma mudança nos padrões de consumo, houve o pagamento do auxilio emergencial. Então aquela família que trabalhava fora, que comia no restaurante, passou a trabalhar no home-office e comer em casa, preparar sua alimentação e também passou a adquirir, então a gente passou a adquirir. Tivemos um consumo maior por família, dentro do próprio lar”.
Já o Índice de Preços ao Consumidor de Caxias do Sul indica um aumento nos preços de 0,73% no mês de julho de 2021, contra uma alta de 0,31% do mês anterior. Do total de 320 subitens que compõem a estrutura do Índice de Preços ao Consumidor, 106 aumentaram de preços no mês de julho de 2021, 106 tiveram seus valores reduzidos e 108 permaneceram com seus preços inalterados.
O ano de 2021 iniciou com uma tendência de alta nos preços, que começava a dar sinais de estar perdendo o fôlego e desacelerando. Todavia, o IPC-UCS pelo terceiro mês consecutivo apresentou um valor menor do que no mês anterior, voltou a subir, muito devido ao aumento da energia elétrica que apresentou um reajuste de mais de 5,92%.
Os impactos de 2020 ainda irão ser sentidos por um tempo relativamente grande, a desorganização nos preços pode ser atribuída ao efeito das medidas de restrição adotadas ao longo da pandemia, que paralisou a produção e provocou o desabastecimento de diversos bens intermediários utilizados na produção. “Nesse momento a gente nota que os preços estão andando, estão recuando, mas ainda é muito lento, eles estão recuando porque as pessoas não consomem, porque a uma retração no consumo, não é nem tanto uma expansão da oferta”, fala Ness.
Próximos meses
Além do aumento dos preços, também está sendo avaliada a elevação da taxa de juros. Para os próximos meses a tendência é que o capital comece a retornar e que possamos ver um recuo. É o que diz Mosár. ” Estamos observando que com a elevação da taxa de juros, o capital externo está voltando para dentro do país e isso vai fazer com que nós tenhamos um movimento de depreciação da taxa cambial. O câmbio vai começar a recuar. A perspectitiva para os próximos meses, é que lentamente a gente tenha uma estabilização nos preços “.
Uma outra questão apontada pelo pesquisador, é que o poder de compra da população deve continuar comprimido por mais algum tempo, tendo em vista que os salários para o próximo ano, não devem sofrer um grande reajuste.
“Embora nós tenhamos a renda mais alta da região aqui no município e é isso que dá suporte a esses aumentos de preço, mas assim mesmo, não vamos conseguir fazer essa passagem de um ponto para o outro de maneira rápida, isso demanda tempo, mesmo para Caxias”, conclui.