Bento Gonçalves

Crescimento será anêmico, mas deve prosseguir e beneficiará setor moveleiro

Crescimento será anêmico, mas deve prosseguir e beneficiará setor moveleiro

O Brasil vai crescer nos próximos anos, mas menos do que poderia. A constatação é do ex-economista chefe da Federação Brasileira de Bancos, Febraban, Roberto Luis Troster, fez uma análise das condições da economia brasileira durante o 27º Congresso da Movergs – Associação das Indústrias de Móveis do Rio Grande do Sul, que transcorre nesta quinta-feira em Bento Gonçalves e tem um público formado por cerca de 500 diretores e executivos das empresas de móveis.

Troster vê que as condições externas permitiriam que o país crescesse mais do que se projeta hoje, com evolução do PIB ao final de 2017 em torno de 0,3%. Ele prevê que na questão cambial o real continuará valorizado, oscilando entre R$3,00 e 3,10. De toda forma, prega a modernização do sistema cambial no país, com permissão de contas em dólar para facilitar as transações internacionais. “Com o câmbio dependendo de projeções futuras estamos sempre à mercê dos acontecimentos.

Quanto aos setores produtivos, a cadeia moveleira foi a que teve a maior queda, na ordem de 335, um pouco à frente da indústria automotiva. O lado bom desta notícia é que a história tem mostrado que, após uma crise como esta, a recuperação maior também se dá nestes setores e “bens superiores”, ou seja, bens não essenciais.

Para Troster o ideal é que o país comece a valorizar políticas e não pessoas, referindo-se também à condenação do ex-presidente Lula da Silva, que considera positiva por mostrar que ninguém está acima da lei. Mas faz uma ressalva: “precisamos aproveitar o que ele fez de bom enquanto foi governante: políticas e não políticos”. Sobre a possível saída de Temer, o mercado já teria demonstrado que não haverá problema na economia, onde a taxa básica de juros deverá se fixar em 8,25%

Para alicerçar sua crença de que o pior da crise ficou para trás, lista algumas situações positivas, tais quais a melhora na balança comercial, favorecida pela queda nas importações e pela supersafra agrícola, embora os produtos manufaturados e semimanufaturados também venham aumentando sua inserção no mercado externo. A volta da estabilidade na Argentina também é fator positivo para a economia brasileira.

Sobre a balança de pagamentos Troster lembra que hoje a dívida é de cerca de 1% do PIB mas há poucos anos já foi de 4%.

Apesar de tudo isto a recuperação será anêmica este ano e talvez em 2018 o PIB possa crescer até 2%, ficando-se em 2,5% nos anos seguintes. Prega ainda a necessidade de continuidade nas reformas, além da trabalhista e previdenciária vê como prioritárias as reformas bancária e fiscal; tributária; administrativa, no judiciário; educação e na questão do custo Brasil.