Brasil

CPI das Apostas deve ser instalada na Câmara na próxima quarta; autor quer chamar CBF e árbitros

Favorito para relatar o inquérito, deputado Felipe Carreras (PSB-PE) também pretende convocar responsáveis por casas de apostas para apurar suposto esquema de manipulação de jogos no futebol brasileiro

Deputado Felipe Carreras (PSB) durante coletiva de imprensa que oficializou lançamento de 'superbloco' na Câmara com mais de 170 deputados
Deputado Felipe Carreras (PSB) durante coletiva de imprensa que oficializou lançamento de 'superbloco' na Câmara com mais de 170 deputados

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), deve fazer a leitura do requerimento para instalação da CPI das Apostas na próxima terça-feira (16). A informação foi confirmada ao site da Jovem Pan pela assessoria do deputado federal Felipe Carreras (PSB-PE), líder do PSB na Câmara e autor do requerimento para criação do Comissão Parlamentar de Inquérito. Ele defende que as casas de apostas, árbitros e a própria Confederação Brasileira de Futebol (CBF) sejam ouvidos. “Nesta semana veio à tona o que estamos prevendo há algum tempo, o afastamento de jogadores da Série A suspeitos de envolvimento com esse esquema. O futebol é uma paixão nacional, é um patrimônio do povo brasileiro. Precisamos investigar a fundo e punir todos os envolvidos”, escreveu o parlamentar no Twitter. Segundo o cronograma, com a leitura do requerimento feita por Lira, o início dos trabalhos está previsto para acontecer já na quarta-feira (17). Felipe Carreras é o principal cotado para relatar o inquérito parlamentar sobre o tema.

A abertura da CPI das Apostas ocorre após o avanço da Operação Penalidade Máxima, deflagrada pelo Ministério Público de Goiás. As investigações, conduzidas pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MP-GO, indicam que os apostadores cooptava jogadores para combinar ações em campo e faturar com palpites em sites especializados. Em um dos casos, um dos investigados combinou com um atleta para que este cometesse uma falta e tomasse um cartão amarelo. Após a combinação, o apostador aplicava o dinheiro em um site de aposta com o palpite de que o jogador corrompido seria advertido com um cartão amarelo. Com a concretização do evento combinado, o apostador multiplicava o dinheiro aplicado e repassava parte dos lucros para os atletas. Como o site da Jovem Pan mostrou, até o momento, Santos, Fluminense, Cruzeiro e América-MG afastaram jogadores suspeitos de participar do esquema de manipulação de jogos. Nesta sexta, o Athletico-PR demitiu dois jogadores por suspeita em escândalo de manipulação de jogos. Afastados por suspeita de envolvimento no escândalo de manipulação de jogos, Pedrinho e Bryan Garcia estão na mira do Ministério Público – ambos, entretanto, ainda não são réus.

Por enquanto, a Justiça de Goiás já tornou 16 pessoas réus. Há a expectativa que mais atletas entrem na mira no MPGO. A ação investiga uma possível manipulação de resultados em 13 partidas de futebol: 8 do Campeonato Brasileiro da Série A de 2022, 1 da Série B de 2022 e 4 de campeonatos estaduais realizados em 2023. Os casos investigados envolvem apostas por lances específicos, como cartões amarelos e vermelhos, além de pênaltis. Nesta sexta-feira, o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) decidiu que os jogadores condenados no esquema de apostas poderão sofrer punições duras na esfera esportiva. O órgão projeta suspensão de até dois anos, multa de R$ 100 mil e até o banimento nas competições esportivas. Na última quarta-feira, 17, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino (PSB), determinou abertura de inquérito pela Polícia Federal (PF) para investigar a existência de uma possível organização que manipulava resultados esportivos. Segundo o chefe da pasta ministerial, a medida se baseia nos indícios de adulteração em competições de futebol que recentemente tiveram “repercussão interestadual e até internacional”.

Fonte: Jovem Pan