Bento Gonçalves

Cortes de recursos podem prejudicar fim do ano letivo no IFRS

Cortes de recursos podem prejudicar fim do ano letivo no IFRS

Os problemas relacionados aos cortes orçamentários e o contingenciamento de recursos do Instituto Federal do Rio Grande do Sul podem prejudicar as atividades da instituição a partir de outubro. A avaliação é do reitor do IFRS, Osvaldo Casares Pinto, que teme ainda que, caso não haja uma reversão do cenário, não haverá “tranquilidade” para fechar as contas no final do exercício.

Até outubro, teríamos nossas atividades normais. A partir daí, vamos ter que fazer reduções e corremos o risco até de, não havendo uma mudança na política atual, que a gente não tenha condições de fechar o ano letivo com tranquilidade com os recursos que temos disponíveis”, avalia o reitor.

Neste ano, o IFRS teve uma redução de cerca de 15% no orçamento global da instituição, uma perda nominal de R$ 6,6 milhões em um orçamento total um pouco menor que R$ 60 milhões. Mas a situação vem se agravando desde 2015, quando os cortes iniciaram.

Somente nas verbas para o custeio, o corte atingiu 10% do orçamento, mas ainda há mais 5% contingenciado, ou seja, não há liberação para utilização. Mas é o dinheiro para investimentos que praticamente sumiu do orçamento: segundo o reitor, os recursos foram reduzidos de cerca de R$ 40 milhões em 2015 para algo em torno dos R$ 3 milhões agora.

Casares Pinto explica que a situação é ainda pior nos campi mais antigos da instituição, como em Bento Gonçalves, Porto Alegre, Sertão e Rio Grande, porque o instituto foi ampliado nos últimos anos, que viram nascer cinco novos campi. Como exemplo disso, ele lembra que o orçamento do campus de Bento, que contava com um recurso próximo dos R$ 7 milhões, hoje pode contar com pouco mais de R$ 4 milhões.

O reitor acredita que há uma esperança de mudança. Na semana passada, o Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif), a associação que reúne os 38 reitores dos institutos federais, receberam do governo um indicativo de que poderá haver alguma liberação ainda neste ano, e que ao longo do segundo semestre possa haver uma revisão do contingenciamento.

Mas a preocupação não se restringe a este ano. Ao contrário. As dificuldades financeiras podem servir de base para os próximos anos, porque, como a emenda do teto de gastos fixou o orçamento de 2017 como paradigma para o próximo ano, em 2018 não haverá incremento de recursos, somente a correção da inflação do período.

Isso praticamente inviabilizaria que a gente continuasse a oferecer essa educação de qualidade e essa importância que temos no desenvolvimento regional seria diminuída”, sentencia o reitor.

Atualmente, a instituição atende a 18 mil alunos e, mesmo sem abrir novos cursos, a tendência é de uma ampliação de 40% nesse número até o próximo ano, por conta da ampliação da oferta de cursos e da abertura de novos campi. Para o reitor, esse crescimento estava previsto no planejamento de cinco anos da instituição, realizado antes da reversão da atuação do governo federal e de acordo com uma política de valorização dos institutos.

A situação é crítica, e o que queremos é que retorne essa política de valorização. Se for mantida essa situação, estamos prestes a vivenciar uma crise”, sentenciou Casares Pinto.

Ouça a íntegra da entrevista com o reitor