Passam-se os anos, o seu veículo começa a mostrar os sinais do tempo e então você percebe que chegou a hora de trocar de carro. O que para alguns é uma decisão bastante simples e natural, para outros pode parecer o começo de um maçante processo. Você já deve ter percebido que a cidade hoje está repleta de veículos usados à venda, lojas e mais lojas se aglomeram e buscam de tudo para fazer você trocar o seu dinheiro (e também o seu carro velho) por outro carro mais novo. A internet ganha cada dia mais sites e grupos de vendas ou trocas de veículos, enquanto as ruas ganham mais e mais “habitantes motorizados”.
O mercado de veículos novos cresceu exponencialmente nos últimos 20 anos o que trouxe também um aumento significante na oferta de usados, mas uma simples operação de compra e venda pode esconder armadilhas que vão fazer da sua realização pessoal um verdadeiro pesadelo. Me chamo Ricardo Agliardi, sou consultor comercial e hoje ajudarei você a escolher o seu novo carro com segurança. Para isso, elencaremos alguns itens importantes que facilitarão a sua procura e também a avaliação do veículo pretendido. Vamos lá?
1) Escolhendo o modelo mais apropriado: Muitas vezes, trocamos de carro apenas por gostar de outro modelo ou até mesmo por questão de conforto. Mas em casos em que a necessidade fala mais alto do que o gosto pessoal, deve-se tomar cuidado para que o novo carro atenda realmente a sua necessidade, para que isso não se transforme em despesa desnecessária. Ou seja, um casal com um ou dois filhos pequenos certamente precisará de porta-malas maior, por exemplo.
2) Marcas: procure evitar montadoras que tenham permanecido pouco tempo em atividade no país. Geralmente casos desse tipo podem e vão lhe trazer dores de cabeça em uma eventual manutenção. Sem citarmos a desvalorização, que nesses casos geralmente são mais acentuadas. Está interessado em um determinado modelo mas desconhece a montadora? Pesquise sobre ela na internet, tende buscar mais informações e opiniões de outros proprietários.
3) Manutenções: “alguns carros tem dono, outros apenas proprietário”. Você já deve ter ouvido essa frase, mas caso desconheça procure lembrar-se dela. Alguns veículos são mantidos muito bem pelos seus proprietários, outros apenas são utilizados com pouca ou nenhuma manutenção. Como toda máquina, um carro também necessita de manutenções frequentes, seja uma revisão mais profunda ou uma simples troca de óleo. Procure mais informações sobre o dono anterior, se ele realizava as manutenções corretamente, se existe alguma etiqueta colada no para-brisas, apontando trocas de óleo e etc. Verifique o funcionamento de vidros, ar condicionado (se houver), luzes de painel (falaremos delas em breve), e também ligue o carro. Ouça o funcionamento do motor e se ele não expele nenhum tipo de fumaça preta ou azulada. Fumaça preta, aponta má alimentação de combustível e fumaça azul aponta desgastes nos componentes internos do motor, como anéis por exemplo. Fique atento!
4) Histórico: solicite ao vendedor os dados do veículo como placa e renavam (número de registro do veículo junto ao Detran). Com eles, você consegue acessar informações como registro de multas, restrições e até mesmo se o veículo precisa passar por algum tipo de Recall (convocação por parte da montadora para que o veículo seja levado de volta á concessionária para alguma manutenção ou substituição de componentes). Outro ponto muito importante são os registros do número de chassi do veículo. Eles possuem gravação realizada em áreas como assoalho, cofre do motor, vidros ou até mesmo porta-malas. Confira para ter certeza de que os números batem com o apresentado no documento do veículo e se eles não apresentam qualquer sinal de adulteração. Atente para veículos com a sigla REM nos últimos dígitos do chassi. Eles apontam que o veículo passou por remarcação de chassi e deve estar homologado junto ao Detran.
5) Quilometragem: foi-se o tempo em que os carros duravam só 100mil kms. A tecnologia avançou tanto a ponto de os veículos de hoje suportarem tranquilamente muito mais do que isso. Existem milhares de relatos de veículos com 300, 400, 500mil quilômetros! Procure sempre avaliar o veículo pelo seu estado de conservação e não apenas pelo número apresentado no painel. O brasileiro roda em média 20mil kms por ano, ou seja, um veículo ano 2010 pode sim ter facilmente mais do que 100mil kms, mas isso não impede que você encontre um modelo 2005 com 80mil kms. Porém, fique atento ao velho truque de adulteração de quilometragem. Procure por desgastes em peças internas como pedais, manoplas, botões e vejam se elas são compatíveis com a km informada. Está em dúvida? Leve até seu mecânico de confiança para uma análise mais detalhada.
6) Vistorie visualmente: no anúncio todos são iguais, lindos, lustros e brilhantes. Mas basta uma vistoria mais atenta para revelar detalhes importantes sobre o estado de conservação. Na lataria, procure por marcas não pertinentes ao uso, como amassados, riscos e peças desalinhadas. Elas podem indicar que já foram reparadas ou até mesmo trocadas em uma eventual colisão. Abrindo o compartimento do motor, é possível ver os parafusos de fixação do capô e dos para-lamas. Verifique nos parafusos de fixação se eles não apresentam sinais de que tenham sido removidos, indicando uma possível troca de peça ou até mesmo remoção para pintura. Procure por sinais de tinta em peças internas, como coifas, radiador, amortecedores e etc.
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7) Dirija: assim como uma roupa que precisa ser experimentada antes da compra, o veículo deve ser dirigido. Peça ao vendedor para dar uma volta com ele, procure usar uma rua com paralelepípedos e ouça atentamente o funcionamento do veículo. Procure barulhos vindo da suspensão, teste a embreagem, verifique o desempenho do motor, se não apresenta falhas, ou “buracos” na aceleração e também se o sistema de freios está operando bem. Caso não se sinta seguro, leve ao seu mecânico de confiança. Ele é o profissional mais habilitado para verificar possíveis falhas ou desgastes excessivos, que levarão tempo e dinheiro para serem reparados.
8) Preço: A tabela FIPE é muitas vezes utilizada como referência, mas não deve ser levada como única fonte de averiguação de preços. Ela não leva em conta itens como quilometragem, estado de conservação e opcionais, por exemplo. Procure pesquisar em sites da sua região para certificar-se de que o veículo em questão está dentro dos valores praticados na sua cidade.
9) Finalizando a compra: as vezes pode acontecer de o veículo passar por todos os itens do processo de avaliação mas ainda assim ser uma furada. Uma onda crescente de golpes tem invadido a internet recentemente. O discurso às vezes varia, mas geralmente possuem o mesmo aspecto: veículos com valores tentadores, geralmente abaixo do praticado no mercado, com anúncios particulares e situação de urgência na venda. Verifique se o veículo apresentado é realmente o mesmo do anunciado e se o vendedor tem de fato alguma relação com o veículo. Fuja de histórias como “estou vendendo para um amigo” ou “quem vai lhe mostrar o carro é um conhecido meu”. E o mais importante, nunca deposite nenhum valor antes de ver o veículo e certificar-se que o anuncio é real. Procure negociar diretamente com o dono do veículo, realizando a transferência bancária mediante assinatura do documento de transferência em cartório. Na dúvida, não compre.
10) O Seguro morreu de velho: Como o velho e sábio ditado diz, procure sempre ter seu veículo assegurado. Você investiu uma significante quantia, não vai querer correr o risco de perdê-lo não é? Peça ao seu corretor uma cotação de seguro para o veículo pretendido com o seu perfil de condutor e/ou para quem vai guiar o veículo. Ao contrário do IPVA que é calculado pelo valor o veículo, tornando-se assim previsível, o seguro do bem varia de acordo com o perfil de utilização, podendo haver variáveis que impactam diretamente no custo total do veículo.
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