Comportamento

Comissão de Saúde visita UPAs e constata diversas irregularidades em Caxias do Sul

Foto: Daniel Corrêa / Câmara de Vereadores
Foto: Daniel Corrêa / Câmara de Vereadores

Vereadores integrantes da Comissão de Saúde da casa legislativa visitaram nesta segunda-feira (29) as Unidades de Pronto Atendimento Central e Zona Norte. A equipe foi recebida pelos diretores das unidades, demonstrando as condições de trabalho dos médicos e confirmando reclamações feitas pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Caxias do Sul. A Comissão foi chamada para intermediar o diálogo entre entidades diretoras e secretaria.

O vereador Rafael Bueno, presidente da Comissão, ressaltou que a principal dificuldade é a relação com os médicos. Segundo Bueno por conta da pandemia e da escassez de profissionais, os que atendem atualmente tiveram um novo acordo de horas trabalhadas e remunerações. Porém, os médicos que atendem na sala vermelha (específica para casos de Covid-19) não estão auxiliando nos demais atendimentos. Sobrecarregando assim, os profissionais que atendem no pronto socorro. Os profissionais são contratados para atender todas as demandas, não para sessões específicas.

“Presenciamos, como a secretaria falou, a população mais de 6 horas aguardando atendimento do lado de fora. Cerca de 100 pessoas estavam lá. Os médicos trabalhando e não dando conta. E ai na sala vermelha tinha médicos parados, sem atendimentos e que poderiam estar dando suporte. Eles são pagos para trabalhar num todo, mas essa divisão foi uma regra criada pelos médicos, as quais precisam ser revistas. No momento, haviam dois pacientes com covid e três médicos pra atender esses dois, temos que ter uma melhor responsabilidade.”

Outro ponto denunciado pela SMS, os médicos que trabalham 6h por dia, dormem durante o horário de serviço, sendo que está permitido apenas que os profissionais de 12h descansem. Ainda, os médicos trabalham a hora que tem vontade, pois nas UPAs o horário de trabalho é registrado manualmente, não há um cartão-ponto como nas UBSs. Para solucionar este problema imediatamente, segundo o vereador, já foi oficializado que a Secretaria obrigue o Insaúde e a Fundação da UCS, a colocar aparelhos de biometria para os médicos.

Greve

O vereador Rafael Bueno, também foi procurado pelos médicos de Caxias do Sul, relatando situações que estão causando transtornos para a categoria. Por isso, há uma ameaça de greve na saúde do município.

Devido a falta de médicos para atender no SUS, as Unidades Básicas de Saúde de Caxias, estão quase sem especialistas, obrigando a população a buscar atendimento nas UPAs.  “70% da população que está procurando as UPAs, é a população que deveria estar sendo atendida nas UBSs, pessoas da zona urbana e rural, tivemos relatos de pessoas de Vila Oliva que vieram pra cidade. Não tem o médico com especialidades nas UBSs para os atendimentos de baixa complexidade. Não tendo esse atendimento vem pro pronto socorro, superlota e aquela pessoas que deveriam ter um atendimento com mais agilidade pela gravidade do caso, acaba tendo seu problema agravado“, relatou Bueno.

Uma proposta apresentada pela prefeitura foi a “Quarteirização”, onde permite o Insaúde criar uma outra empresa, e esta contratar mais médicos para regularizar a carga horária e fiscalizar o trabalho destes profissionais terceirizados. Está opção não foi aceita pelos atuais médicos. Outra opção que a Comissão de Saúde já dialogou com a prefeitura é a melhor utilização dos leitos de UTI de Covid-19 do SUS. Segundo o vereador, atualmente são 14 leitos disponíveis na UPA, em momentos que o índice está abaixo, a sugestão foi criar uma estrutura de vidro, separando a população infectada em recuperação, para que os leitos vagos possam ser utilizados e os pacientes que estão sentados em poltronas possam ser melhores acomodados.

A Comissão de Saúde, junto com o médico responsável pela fiscalização da UPA Central, definiram e encaminharam um pedido ao prefeito Adiló Didomenico para que não seja renovado o contrato com o Insaúde, devido a estas diversas irregularidades. O contrato com esta empresa encerra-se no dia 31 de dezembro de 2021.

Foto: Daniel Corrêa / Câmara de Vereadores
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