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Cobertor curto

Cobertor curto

Mesmo que não seja nem de longe a solução ideal ou represente a superação definitiva do problema, a transferência de médicos das unidades básicas de saúde (UBS) pra o Pronto Atendimento 24 Horas anunciada pelo governo de Caxias do Sul pode sim ser adotada como a principal medida da prefeitura Sul pra diminuir a crise na saúde e melhorar o atendimento no Postão.

Pelo menos isso parece que é a única coisa que ficou clara na reunião de ontem entre o governo-em-pé-de-guerra e o Ministério Público, a pedido da Promotoria e instigada pelos médicos que denunciaram as condições precárias de atendimento no principal destino daqueles que buscam o guarda-chuvas da saúde pública na cidade.

Agora, com a intervenção do Ministério Público, a prefeitura tem três dias para apresentar um planejamento mostrando como e quando vai colocar em prática as ações anunciadas na reunião.

É quase nada em um ambiente em que as necessidades crescem num ritmo muito mais veloz que a oferta de soluções, mas pelo menos a intervenção do MP serve pra fazer ao menos o governo ser obrigado a dialogar, dar a cara a tapa e ao menos indicar uma satisfação ao povo, o que, convenhamos, já é alguma coisa.

Mas é claro que a simples transferência dos médicos não é exatamente uma novidade e nem deve ser recebida como a panaceia que vai solver todos os males do mundo. Afinal de contas, esse recurso já foi usado em outras situações de urgência como a que a gente vive hoje, e a gente bem sabe o que isso efetivamente significa: é aquela tal história do cobertor curto, onde a gente tira de um lado pra cobrir o outro.

Por isso mesmo, nem de longe é uma solução, ainda mais num momento de relações estremecidos como o atual, quando quase 50 médicos já deixaram o serviço público e outros ainda devem seguir o mesmo caminho, e onde as contratações efetivadas pelo município nem de longe suprem uma necessidade que, aliás, é cada dia maior.

Mas o pior de tudo é que, enquanto destapa os pés pra cobrir a cabeça, a prefeitura não tem uma solução definitiva, e a população segue pagando o preço da intransigência e da falta de planejamento.

E hoje, meus amigos, o inverno chegou, e com ele, claro, a demanda pelo Postão vai crescer ainda mais.

Que a terra nos seja leve.