Comportamento

Clóvis Tramontina lança segunda edição de livro e fala sobre a empresa, ACBF e futuro

Clóvis Tramontina
Foto: Joana Oliveira/GrupoRSCOM

O empresário Clóvis Tramontina está lançando a segunda edição de seu livro Clovis Tramontina: Paixão, Força e Coragem, pela Editora AGE, de Porto Alegre. Ele recebeu a reportagem do Grupo RSCOM para uma conversa sobre a sua biografia, a história da empresa fundada por seu avô, outra grande paixão de sua vida, a Associação Carlos Barbosa de Futsal (ACBF), e as suas realizações ao longo dos anos.

O encontro ocorreu na Tramontina T Store, loja da marca que conta com mais de 20 mil itens a venda em Farroupilha.

Sobre o livro, Tramontina diz que traz a sua experiência em gestão a frente de uma grande marca, mas principalmente sobre o relacionamento com as pessoas. Ele diz entender que o valor mais importante de uma empresa é a valorização das pessoas que nela trabalham, além do consumidor, a quem ele chama de “rei”, já que este é quem paga o seu salário.

Clóvis Tramontina
Foto: Joana Oliveira/GrupoRSCOM

A Tramontina hoje produz cerca de 22 mil itens únicos, o que chama a atenção de especialistas em gestão e de marketing. Além disso, a empresa não tem nenhuma ramificação, sendo marca única a mais de 100 anos.

O empresário atribui isso ao seu pai, Ivo Tramontina, e Ruy Scomazzon, seu sócio. Ele diz que essa filosofia vem de desde a década de 50, onde foram criadas sub-empresas dentro da Tramontina, cada qual cuidando de uma linha, além da produção estar sendo feita próximo aos centros de distribuição, levando qualidade e variedade para o consumidor.

Ele falou sobre o tamanho da empresa neste 2022.

“Hoje a Tramontina está em 18 países no mundo com estruturas próprias. Exportamos para 120 países e tomamos a decisão de exportar apenas a marca Tramontina, o que foi um ganho para nós. Pq você conquista o mercado quando põe a sua marca no mundo. Umas das coisas que mais nos recompensa, é quando alguém viaja para fora e faz uma foto com uma faca, uma panela da Tramontina, mostrando até um sentimento de pertencimento e orgulho de ver uma marca brasileira naquele pais longínquo”, disse.

Ele relembrou a vez que ele, sua esposa, seu pai e sua mãe estavam em Telavive, em Israel, no começo da década de 90, Ivo pediu uma carne, em um restaurante italiano, os talheres foram trocados e, para a surpresa de todos, os que foram entregues eram da marca Tramontina.

A PAIXÃO PELO FUTSAL E A CRIAÇÃO DA ACBF

Uma grande paixão de Clóvis é o time da Associação Carlos Barbosa de Futsal (ACBF), fundada por ele e por seu primo, em no dia 1º de março de 1976. Ele brinca que a ACBF é seu quarto filho.

A história conta que até 1976, o protagonismo da disputa do futsal na cidade se dava entre as equipes River e Real. Foi em meio à comemoração de mais uma conquista do River na Lancheria Original, localizada bem ao centro da cidade, que os adversários do Real decidiram mudar aquela situação.

Clóvis Tramontina
Foto: Joana Oliveira/GrupoRSCOM

Tramontina, líder do Real, lançou a ideia de montar um time para jogar o estadual e ali mesmo, na lancheria, foi decidida a fusão dos dois grupos para montar uma nova equipe. Assim nascia a Associação Carlos Barbosa de Futsal (ACBF), nome sugerido pelo então dono da lancheria, Aldo Pontin, que também abrigou em sua casa a primeira reunião onde foram definidos os símbolos do time.

Quanto as cores, ele mesmo explicou as escolhas.

“As cores são o branco do Real, o preto do River e o laranja era da seleção da Holanda, que era a sensação do momento, o carrossel, era algo fantástico. O Victor Luiz Cousseau e o Agostinho Facchin fizeram o nosso símbolo, que são cinco bolas, ou seja, os cinco jogadores. Foi assim que nasceu a ACBF“.

Após 20 anos para ganhar o primeiro campeonato, a ACBF tem hoje três campeonatos mundiais, cinco campeonatos brasileiros pela Liga Nacional, além de duas Taças Brasil e 13 campeonatos gaúchos entre outros, sendo um dos times mais vencedores do Brasil.

REALIZAÇÃO PESSOAL E VISÕES PARA O FUTURO

Em 2021, depois de 30 anos à frente da empresa centenária, Clóvis Tramontina passou o bastão para seu ex-vice presidente, amigo e sócio, Eduardo Scomazzon. Mesmo com o avanço da esclerose múltipla, que ele convive desde a juventude, ele diz que não vai parar de trabalhar. Desde então, ele tem atuado na formação de novas lideranças.

Questionado se ele se sente realizado com tudo que conquistou em sua vida, o empresários não demora a responder que sim.

“Sem duvida nenhuma, eu sou uma pessoa muito feliz. Eu tive um infância intensa, uma adolescência intensa, minha vida profissional foi assim. Eu sou alguém que vibra demais com o sucesso das pessoas. Quando eu vejo as nossas comunidades melhorando, eu fico muito feliz”.

Porém, tem algo que ele se preocupa e que revela um desejo.

“O que me incomoda muito é que não podemos ter pessoas passando fome do Brasil e precisamos melhoras as condições de moradias no pais. Todos merecem morar com dignidade, ter o seu lugar, o seu banheiro. Que tenha seu cadastro, pague seu importo, assim teremos pessoas felizes. Ninguém quer nada de graça, a pessoa quer trabalhar e crescer na vida. É isso que eu desejo”, diz.

O empresário também falou sobre os novos empreendimentos e os novos empreendedores que vem surgindo nos últimos anos no Brasil. Ele vê com bons olhos a criação de novas empresas e que isso gera desenvolvimento.

Clóvis Tramontina
Foto: Joana Oliveira/GrupoRSCOM

Tramontina brinca que a primeira startup que foi criada foi pelo seu avô, a Tramontina, que está aí até hoje. Ele também deixou uma dica para quem deseja começar o seu negócio.

“Para empreender, na minha visão, tem que primeiro querer; em segundo, assumir riscos, riscos calculados; terceiro não ter pressa e sim velocidade. E o mais importante: faça o simples e de forma objetiva, que o sucesso é consequência. E claro, muito trabalho, sem trabalho, nada vai acontecer. Quem tem sorte é quem trabalha”, disse.

Clóvis Tramontina finalizou dizendo estar feliz com o lançamento da segunda edição de seu livro e que as sessões de autógrafos tem sido cheias. Ele diz que isso é ótimo já que, nas suas palavras, onde tem gente está quente.