Caxias do Sul

Chuvas de maio em Caxias do Sul: Protetora fica sete dias isolada com cães e Rádio Viva vira sua única companhia

Cátia e seus mais de 140 cães abrigados pela ONG PAC escutam a Rádio Viva, emissora do Grupo RSCOM, diariamente. No período de chuvas intensas, ficaram sem luz e sem contato exterior após o acesso à chácara, em Galópolis, ficar comprometido

(Foto: Alice Corrêa/Grupo RSCOM)
(Foto: Alice Corrêa/Grupo RSCOM)
Imaginar um mundo sem comunicação nos tempos atuais é quase que impossível. Viver no século XXI sem usar um smartphone, sem ter canais por assinatura, internet e tantos outros meios é inimaginável. O rádio, um dos pioneiros da comunicação no mundo todo, também faz parte da vida de muita gente. É o caso da cuidadora de cães Cátia Giesch, que ficou sete dias ilhada em sua chácara, em Galópolis, Caxias do Sul, sem saber o que acontecia no mundo fora de sua realidade, juntamente com os seus mais de 140 cães.

Cátia, uma dedicada protetora de animais da ONG Proteção Animal Caxias (PAC), enfrentou uma situação de extremo isolamento durante a recente enchente que atingiu o Rio Grande do Sul, e em Caxias do Sul e interior, diversos deslizamentos, inclusive na região de Galópolis. O acesso à chácara ficou comprometido devido a um deslizamento que aconteceu. Cátia ficou sem luz, internet, e longe do esposo Edson. “Quando caiu a estrada ali, fiquei preocupada que não tinha mais acesso. Mas eu não sabia do restante, não sabia dos deslizamentos na BR-116, em Galópolis, toda a enchente que deu, não tava sabendo de nada. O momento mais crítico foi quando simplesmente caiu luz, internet e sinal de celular. Fiquei totalmente incomunicável e a chuva começou a ficar mais forte e eu comecei a ver que a água que vinha era muito fora do normal“, relembra.

A protetora que tem a companhia diária do rádio, na frequência da Rádio Viva 94,5 FM, salientou que foram dias que não tinham fim. Além dela, os 143 cães que abriga, também sentiram falta das vozes dos comunicadores e músicas. Ninguém sabia o que tava acontecendo aqui e eu estava desligada, desconectada do mundo, não sabia de nada. Então imagina, só ouvia barulho de água, raio, trovão e os animais muito agitados, aí tinha que correr para os canis, tentar acalmá-los”.

Após os sete dias ilhada, o esposo e um casal de amigos conseguiram acesso à chácara pelo mato. Os amigos chegaram com rações para os animais e alimento para a protetora. Ela imediatamente fez um pedido especial. “Eu pedi, por favor, me consigam um rádio de pilha, para pelo menos ouvir alguma movimentação, e os cães também estavam sentindo falta do rádio”.

Com o rádio em mãos, foi só alegrias. Cátia conta que ouvia durante a madrugada o comunicador falando com os atingidos pelas enchentes, mandando boas vibrações e energias, momento em que sentia paz consigo mesma. “Ele colocou músicas gospel que parecia que tudo o que ele estava falando era para mim. Ele trazia palavras para sossegar o coração, para ficar calma, para ficar tranquila. Me emociona até hoje”.

O apoio da comunicação via rádios foi essencial no período de dificuldades, e certamente, Cátia e os animais não foram os únicos que sentiram alívio em poder ouvir palavras de conforto em um dos momentos mais tristes do RS.

PAC e a ajuda aos animais vítimas das enchentes

A PAC vem ajudando os animais atingidos pelas chuvas no RS. Desde as chuvas de setembro, Cátia foi juntamente com a ONG Nono Giacomelli para a primeira enchente de Roca Sales. Na ocasião, ela se uniu a outros voluntários, como Gislaine e Cleiton, para resgatar animais em áreas afetadas.

A rotina de resgate e assistência continuou desde então. O grupo recolhia donativos e distribuía para famílias e animais necessitados, entregando casas para os bichinhos desabrigados. “Na outra enchente, resgatamos duas [cadelas] que já foram doadas, graças a Deus, muito bem doadas,” relembra.

Entretanto, a situação se complicou na enchente mais recente, que também afetou diretamente Cátia. “Eu fui atingida e recebi ajuda. Então, é hora de eu também ajudar,” afirma. Nos dias de isolamento, sem acesso à luz, internet ou sinal de celular, a preocupação de Cátia era constante. “Eu ficava pensando: se acontecer alguma coisa comigo, quem vai cuidar desses bichos?”

Cátia acredita que os momentos difíceis reforçaram ainda mais a sua conexão com os animais. “Eles são meus guardiões. Eu olhava nos olhos deles e via estampado o pânico, mas também a confiança,” explica. Para ela, os animais, com sua pureza e lealdade, foram uma fonte de força e proteção durante a crise.

A experiência, embora traumática, reforçou sua fé e determinação. “Deus me abençoou por tudo aquilo que faço, e ainda tenho muito para fazer,” conclui Cátia, grata pelo apoio dos amigos e voluntários que lhe ajudaram a superar esse período desafiador.

Fotos: Alice Corrêa/Grupo RSCOM

Conheça a PAC

A PAC é uma ONG que abriga, atualmente, mais de 140 animais na chácara de Cátia e Edson. Os animais mais debilitados e resgatados de maus-tratos, que possuem problemas especiais, são tratados pela protetora. Não há resgate de animais, pois o propósito da PAC era inicialmente apenas cuidar daqueles que foram resgatados de maus-tratos. A comunidade pode auxiliar com valores para custeio de consultas e compra de itens necessários para os cães.

Conheça mais sobre a PAC no site protecaoanimalcaxias.com.br

Ajuda de qualquer valor via Pix: 15329693000138

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