A chuva do último sábado (21), trouxe, além do refresco temporário aos dias anteriores de extremo calor, também algum alento à população dependente do abastecimento dos rios da região Metropolitana de Porto Alegre. Longe, porém, de resolver a situação da estiagem, cursos d’água como o Guaíba, Gravataí e Sinos, ainda estão muito abaixo do que é considerado ideal, justificando a atenção constante por parte dos gestores públicos e das comunidades em geral.
No Guaíba, a precipitação de 5,8 milímetros no sábado, algo que não acontecia há nove dias, ajudou a elevar o nível de 30 para 47 centímetros em questão de sete horas. No entanto, mais uma vez, a régua da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema) no Cais Mauá, no Centro Histórico, voltou a registrar 32 centímetros na manhã deste domingo. O Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) segue informando que não há problemas no abastecimento, e programa atividades pontuais dentro de Porto Alegre entre terça e a próxima quinta-feira.
A possibilidade de eventuais falhas na captação de água preocupa a população da zona Sul e Extremo Sul da Capital, em razão não apenas da falta de chuvas consistentes, mas da movimentação dos ventos, que empurram a vazão na direção da Lagoa dos Patos. Além do mais, o mais recente aviso do Dmae sobre possíveis problemas no abastecimento, e causados pela estiagem, é datado de 11 de janeiro. Conforme o órgão, para manter o serviço a pleno, o normal é que o Guaíba esteja acima de 80 centímetros, algo que não é atingido desde a noite de 17 de dezembro de 2022.
No rio Gravataí, cidades como Gravataí, Cachoeirinha e Alvorada já emitiram avisos à população para observar o consumo de água por parte da Corsan. Em Gravataí, a Prefeitura afirma que está “cobrando medidas da Corsan e do governo do Estado”, na esteira da descoberta de ao menos uma captação irregular de água para uma fazenda arrozeira no distrito de Águas Claras, em Viamão. A cota na régua da Sema no Balneário Passo das Canoas, popular destino de lazer em Gravataí, apresentou certo aumento com a chuva de 15,8 milímetros no local no último sábado.
O nível subiu em 50 centímetros, de 38 para 78, em um período de 17 horas, entre a tarde de ontem e a manhã de hoje, e ainda seguia em elevação. Este volume de precipitação em tempo tão curto não havia sido registrado em nenhum momento nos últimos seis meses, pelo menos, conforme os gráficos disponibilizados pela Agência Nacional de Águas (ANA). Para se ter uma ideia, por exemplo, choveu em alguns minutos quase o mesmo montante de todo o mês de fevereiro do ano passado (16,2 milímetros).
Fonte: Correio do Povo