A mudança no clima sempre preocupa os produtores do Rio Grande do Sul. Na Serra Gáucha o setor da vitivinicultura que já sofreu dias dificeis em decorrência da estiagem deve ser beneficiado nos próximos dias.
Na quinta-feira (20) A Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (SEAPDR), em parceria com a Emater/RS e o Irga divulgou um boletim Integrado Agrometeorológico nº 20/2021. Nos próximos cinco dias o Rio Grande do Sul deve ter o ingresso de uma intensa massa de ar seco e frio que provocará novo declínio das temperaturas, com valores negativos e formação de geadas na maioria das regiões.
Segundo o pesquisador da Embrapa Uva e Vinho, Henrique Pessoas dos Santos as temperaturas mais baixas são favoravéis para o plantio, “A geada que ocorre agora no período de inverno, ela é muito benéfica, tanto para as parreiras, quanto para outras espécies como macieras, pessegueiros, frutas de clima temperado. Essas plantas precisam acumular horas de frio”, diz.
O clima e a temperatura precisa se manter estável para que o produção se desenvola uniformemente, conta Henrique, “Uma vez que caindo a temperatura e se mantendo a temperatura baixa, durante o período de inverno, não tem nenhum problema para as plantas, pelo contrário. Ela condiciona a planta para uma uniformidade na sua condição de dormência e na primavera, quando começar a esquentar novamente a temperatura, ela vai ter uma brotação, muito mais uniforme e consequentemente, com maior capacidade produtiva no ciclo seguinte”.
No ano passado, a safra da uva sofreu um grande impacto em decorrência da estiagem. O setor mais afetado, foi o do agronégocio de pequenas empresas da região que precisaram aumentar o preço dos produtos, para se recuperar das perdas.
Estiagem causa aumento no preço dos produtos de agronegócios ao consumidor final na Serra Gaúcha
Para o pesquisador da Embrapa o plantio será favorecido neste período, “Aquilo que é ruim para nós agora é bom para as plantas. Pois elas são adaptadas a essa condição extrema e a videira como ela é adaptada a regiões mais frias que a nossa, aqui as vezes acontece o contrário. Invernos que não são tão frios, que acontecem aqueles dias quentes isso é mais prejudicial do que dias constantemente frios”, disse.
A recomendação neste momento de entressafra, os produtores precisam ter alguns cuidados com o parreiral com mais cautela pensando no histórico passado. O pesquisador lembra de duas safras que sofreram com a estiagem ocorrida no Estado que foi um período de bastante seca,”Faltou chuva e teve muitas propriedades e teve plantas que sofreram e até morreram por falta de profundidade de solo. Como faltou muitos dias sem chuvas, aconteceu esse impacto. O produtor deve olhar para essas áreas e identificar se ali vale apena investir em um sistema de irrigação, se deve manter a área produzindo ou se essa mancha de solo deve ser descartada dentro da propriedade, olhar com cautela e análise crítica”, fala.
Com período da queda das folhagens, é um período que se deve fazer a limpeza, fazer um tratamento de inverno da área para evitar novos focos de doença no ciclo seguinte. Os produtores rurais da Serra devem se preparar para o manejo do cultivo, principalmente das videiras, a Embrapa possui um manual gratuito sobre o “Manejo de vinhedos em situação de pós-geada”.