Polícia

"Chega ser um desrespeito com a família", diz irmã de jovem morto durante perseguição com GM em Caxias do Sul

Segunda noite de simulação do caso ocorreu na noite desta terça-feira (12), na Zona Norte de Caxias do Sul.

Foto: Wellington Frizon
Foto: Wellington Frizon

Parentes e amigos de Matheus da Silva dos Santos acompanham de perto a 2ª noite de simulação do caso que vitimou o jovem em junho do ano passado durante uma perseguição da Guarda Municipal na Perimetral Norte, em Caxias do Sul.

Com cartazes e gritos pedindo por justiça, cerca de 30 pessoas se posicionaram na Rua Moreira César, esquina com a Rua José de Carli, local onde a perseguição teria iniciado naquela fatídica noite de sábado.

A mãe da vítima, Terezinha Marilete da Silva (Mari), carregava uma cartolina com os dizeres: “Na hora que mataram meu filho, eu morri”. Outro cartaz levado por familiares também demonstrava a tristeza de ter perdido o rapaz para a violência: “Para vocês é só + 1, para nós era tudo”.

Foto: Wellington Frizon

De acordo com Milena Brito, irmã de Matheus, a situação da família está bem complicada desde a morte do irmão e, que acompanhar a simulação, é ainda mais dolorido, uma vez que eles estão vendo os guardas municipais envolvidos no caso todos ali fardados e trabalhando.

“Chega ser até um desrespeito com a família. Do jeito que meu irmão foi morto e eles aqui desse jeito, inclusive com as armas. Queremos que a justiça seja feita. Que os culpados sejam punidos. Não foi só quem atirou no meu irmão que é culpado. Todos que deram tiros assumiram o risco de matar alguém”, desabafa.

De acordo com Milena, os dois amigos do irmão que estavam junto, hoje são testemunhas, quando na verdade também foram vítimas da situação. Ela recorda que Matheus foi criado sozinho pela mãe e que sempre ajudou em casa, além de ajudar na criação do irmão mais novo.

“Minha mãe sempre foi mãe solteira e ele sempre ajudou em casa. Ele cuidava do meu irmão pequeno, que agora tem 8 anos. É difícil, logo que aconteceu meu irmãozinho chamou ele pra almoçar e ele não estava mais ali. Então é bem difícil”, lamenta.

Foto: Wellington Frizon

Conforme o advogado de defesa do guarda, Maurício Adami Custódio, essa segunda simulação é oportunidade de ser apresentada as versões dos quatro guarda municipais envolvidos na ocorrência. “As versão deles serão com base nos elementos levantados em todos os interrogatórios que foram recolhidos ao longo do inquérito que reuniu desde gravações dos rádios das viaturas até imagens das câmeras de monitoramento que registraram a trajetória da perseguição”, analisa.

Por outro lado o advogado da família, Jader Santos, diz que esse processo está sendo doloroso e que todo dia – é dia 6 de junho – para a família e, que a mãe de Matheus, vive a baixo de medicamentos, sendo que a família sofre até o dia de hoje. Jader espera que a simulação chegue no algoz de Matheus. Ele também questiona se a situação fosse o contrário.

“Se um Guarda Municipal tivesse morrido com um tiro disparado do carro dos jovens, se algum dos três estaria preso. Claro que eles estariam todos presos, não só pela possível morte do agente de segurança pública, mas também pelas tentativas de tantos quantos fossem os agentes que estivessem dentro das viaturas que supostamente seriam alvejados”, destacou.

A segunda simulação iniciou por volta das 20h15min desta terça-feira (12) e terminou por volta das 5h. Os trabalhos ocorrem na Rua Moreira César, quase esquina com a Rua José de Carli (local onde a perseguição iniciou), prolongada até a esquina das ruas Ludovico Cavinato e José Venzon Neto. Todos esses trechos da área urbana estão bloqueados pela fiscalização de trânsito.

Texto: Mauro Teixeira

Edição e fotos: Wellington Frizon