Cerca de 733 pessoas estavam em situação de rua ou desabrigo no mês de fevereiro em Caxias do Sul. O número, com base nos registros do Cadastro Único, foi levantado pela Fundação de Assistência Social (FAS). Ainda assim, o município conta com três casas de passagem, cada uma delas com aproximadamente 40 vagas, sendo investidos R$2,7 milhões anuais para mantê-las.
Conforme a presidente da FAS, Katiane Boschetti, são inúmeros os motivos que fazem este número ser elevado na cidade, dentre eles a dependência química e até mesmo o alto fluxo migratório à cidade em busca de oportunidades.
“Caxias do Sul chama muito por ser um polo industrial. Com muita oferta de emprego, muitas pessoas vem buscar emprego e acabam não se adaptando, e acabam ficando em situação de rua ou desabrigo. A cidade tem uma rede muito forte para atender as pessoas, muito qualificada e articulada”.
Dentro dessa rede ela destaca o Pop Rua, centro de referência especializado em pessoas em tal situação, onde são ofertados os serviços de acolhimento diário para tomar café, banho e lavar suas roupas, realizar currículos para retornarem ao mercado de trabalho. Além disso, também é feito o trabalho de abordagem social, em que a população pode ligar para a FAS, que levará profissionais ao encontro destes moradores.
Vale lembrar que as pessoas pode permanecer por até 90 dias nas casas de passagem. Mesmo assim, alguns casos são analisados de forma isolada. “O maior trabalho que fazemos é o resgate do ser humano, para que ele também possa se ver digno de buscar outras formas de viver”, justificou Katiane sobre a necessidade de alguns cidadãos precisarem de mais tempo de acolhimento.
Denúncias da população e ações do município
Recentemente, a reportagem do Portal Leouve recebeu uma denúncia de empresárias da região do bairro São Pelegrino. As proprietárias de um estabelecimento comercial informaram que há mais um ano a situação é delicada na região. Conforme elas, um grupo de pessoas em situação de rua acabou se instalando nas proximidades do banco Itaú, esquina das ruas La Salle e Júlio de Castilhos.
“São Pelegrino está cada vez pior, depois do Covid-19 aumentou mais. A gente não dá [dinheiro] para que não cresça. Nós temos que trabalhar de portas fechadas, porque eles entram se estiver aberta. Os clientes falam que tem medo”, afirmaram.
Poucos dias após a denúncia realizada, conforme elas, um morador de rua retirou todos os objetos que estavam sob a calçada. De acordo com a FAS, em janeiro de 2020 cerca de 618 pessoas estavam registrada no Castro Único como em situação de rua ou desabrigo, número que agora passa de 700.
“Quando falamos em acolhimento de pessoas em situação de rua, é muito importante que a gente enquanto sociedade amplie o olhar e compreenda que existe uma legislação por trás, inclusive que permite o livre acesso às pessoas e que elas precisam aceitar”, afirmou Katiane.
Sobre tais ações, a prefeitura de Caxias do Sul criou no final de 2022 o Comitê Intersetorial de Políticas Públicas para Pessoas em Situação de Rua para atender este público.